Uma recente pesquisa realizada pela Agência Nacional do Espaço norte-americana (NASA) confirmou que o deserto do Saara, o maior deserto do mundo, situado no norte do continente africano, contribui para a fertilização da floresta amazônica e mata atlântica.
Segundo o artigo publicado em 24 de fevereiro na revista Geophysical Research Letters, o Saara possui algo que a Amazônia não possui, mas precisa: fósforo. E há um transporte de fósforo entre as duas regiões. O vento leva a poeira do deserto africano para depositá-la parcialmente no coração do mato virgem, no norte do Brasil, Peru e sul da Venezuela.
Os dados da pesquisa foram obtidos após vários anos de observações desde o satélite Calipso e medidas realizadas entre 2007 e 2013 por meio de LIDAR (análogo de radar, em que luz é usada em vez de ondas de rádio; a sigla vem do inglês Light Detection and Ranging) instalado no dispositivo orbital.
De acordo com a equipe científica, liderada por Hongbin Yu, da Universidade de Maryland (EUA), a quantidade de poeira transportada anualmente depende de se houve ou não no ano anterior chuva na região do Sahel, cinturão que separa o Saara da África tropical. Se tiver havido chuva, mais poeira ficará na "casa". Mas se chuva não houver, a poeira, sem ser retida pela água e umidade, pode voar à vontade.
A quantidade média aproximada de poeira transportada anualmente do deserto africano à floresta amazônica é de 27 milhões de toneladas. Nesta poeira, há cerca de 22 mil toneladas de fósforo, útil para a mata.
O número não é completo, pois o total são 182 milhões de toneladas de poeira que abandona a África com o vento. A poeira que não para na Amazônia, é levada adiante para o Caribe.