Anteriormente, os promotores haviam se recusado a viajar até Londres, onde Assange está há quase três anos no interior da embaixada do Equador. A procuradora-chefe Marianne Ny explicou a mudança de opinião, dizendo que alguns dos crimes dos quais o australiano de 43 anos é acusado prescreverão em agosto.
"Agora, que o fator tempo é essencial, acredito ser necessário aceitar tais deficiências na investigação e, dessa forma, assumir o risco de que o interrogatório não leve o caso adiante" disse Ny. Ela disse ter feito o pedido aos advogados de Assange nesta sexta-feira para interrogá-lo em Londres e para coletar seu DNA, afirmando também que foi solicitada permissão às autoridades equatorianas.
O porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse que a decisão sueca é "uma vitória para Julian", mas criticou a demora. "Eu acho que é absolutamente ultrajante o fato de a promotora sueca ter demorado quatro anos e meio para chegar a esta conclusão, após afirmar que não poderia vir a Londres porque seria ilegal fazê-lo", disse ele. "Obviamente era um argumento falso."
Um dos advogados de defesa de Assange, Per Samuelson, saudou a medida e disse que o australiano aceitará a oferta. Ele disse ter conversado com Assange na manhã desta sexta-feira. "Isso é algo que pedimos há quatro anos", disse Samuelson à Associated Press. "Julian Assange quer ser interrogado para que possa ser dispensado."
A decisão anunciada nesta sexta-feira acontece depois de Assange ter recorrido de sua ordem de detenção à Suprema Corte da Suécia que, no início desta semana, pediu à promotoria-geral do país que emitisse uma opinião sobre o caso.
Samuelson disse que provavelmente a promotoria-geral ordenou que Ny levasse o caso adiante ao viajar para Londres. Karin Rosander, porta-voz da autoridade de acusação sueca, negou-se a falar sobre o assunto.
Hrafnsson disse que a oferta sueca não significa que Assange poderá sair da embaixada em breve. "Temos de ter em mente a investigação criminal em vigor contra ele nos Estados Unidos", afirmou. Ny descartou as afirmações de que os Estados Unidos estariam envolvidos na investigação sueca.
Estadão Conteúdo