'China tem sua própria agenda, não vai dançar' pela batuta de Washington

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O planejado aumento de 7% nos gastos de defesa de Pequim é o menor em anos e é improvável que os líderes chineses revertam essa tendência, apesar do fato de que na semana passada o presidente Donald Trump propôs um aumento de 54 bilhões de dólares para o orçamento militar dos EUA, disse o Dr. Arthur Ding à Sputnik.

"A probabilidade de que no próximo ano [Pequim anuncie] um grande aumento no orçamento de defesa é bastante baixa, porque a China tem sua própria agenda e provavelmente não irá dançar [pela melodia de Washington]", afirmou.

Notas de yuan chinês em uma agência do Bank of China em Changzhi, 16 de setembro de 2008 - Sputnik Brasil
Quão suprema é a economia da China?
No início deste mês, a porta-voz da Assembleia Nacional Popular (ANP), Fu Ying, anunciou que o país aumentará seus gastos de defesa em 7%, a taxa mais baixa depois de décadas de aumentos quase ininterruptos de dois dígitos. Na segunda-feira (6), o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que quer aumentar o orçamento de defesa em 54 bilhões de dólares, à custa do financiamento do que o governo dos EUA considera como iniciativas de baixa prioridade, incluindo ajuda externa e programas ambientais.

As cifras reveladas por Fu Ying parecem ter intrigado alguns na China, visto que o país está em processo de reorganização e modernização de suas forças armadas.

"No que diz respeito ao orçamento militar, é um pouco surpreendente porque… sabemos que a China está empreendendo tantos programas de modernização militar como, por exemplo, a redução e reorganização de forças, bem como a aquisição e contratação de novos sistemas de armas. [O aumento anunciado] surpreendeu muitos analistas", observou o analista.

Dr. Ding, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Chengchi, em Taiwan, apontou que o aumento de um dígito nos gastos militares ocorre em um momento em que a economia chinesa está desacelerando. No domingo, o primeiro-ministro Li Keqiang disse que Pequim reduziu sua meta de crescimento para este ano para cerca de 6,5%.

"Não estamos surpresos, porque nos últimos quatro a cinco anos o crescimento econômico da China tem vindo diminuindo. Isto é uma tendência. Na verdade, os líderes chineses têm sido plenamente conscientes desta tendência. Por exemplo, o [presidente] chinês Xi Jinping disse que ele está mais focado na transformação econômica do que na taxa de crescimento econômico", disse o Dr. Ding.

No ano passado, a segunda maior economia do mundo cresceu 6,7%, a menor expansão registrada desde 1990. Apesar da taxa mais lenta em mais de um quarto de século, ela cabe dentro do objetivo da meta de crescimento de Pequim para entre 6,5% e 7%.

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