Como serviços de inteligência dos EUA manipulam economia mundial?

© AP Photo / Carolyn KasterAgência Central de Inteligência dos EUA (CIA na sigla em inglês)
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O economista e autor do livro "Novas Confissões de um Assassino Econômico", John Perkins, disse em entrevista à Sputnik Internacional como a CIA e a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA influem no sistema econômico mundial, o manipulam e porque ele, apesar das ameaças de morte, escreveu um livro sobre isso.

A CIA e a NSA: a mão que mexe os cordelinhos

Perkins era economista principal e consultor econômico em uma grande empresa de consultoria norte-americana, a Chas T. Main. Na primeira parte da sua entrevista à Sputnik, ele revelou como ajudou a pôr os países latino-americanos em dependência dos EUA através de empréstimos do Banco Mundial. Agora ele explicou como a sua empresa cooperava com a CIA e a NSA. 

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Em sua entrevista à Sputnik Internacional, Perkins explicou que a CIA e NSA operavam através da empresa de consultoria Chas T. Main mediante o Banco Mundial, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, e mediante o Departamento do Tesouro dos EUA, com o qual a empresa tinha firmado um contrato de cooperação com a Arábia Saudita.

"De forma que a empresa na qual eu trabalhei obtinha dinheiro dessas instituições e, por sua vez, pagava por esses trabalhos. Nós não tínhamos contratos reais com a NSA nem com a CIA. Tudo se fazia, que eu saiba, através de terceiros, de intermediários e subcontratantes", explicou à Sputnik.

Perkins insiste que nunca teve contato direto com ninguém da NSA e a CIA, embora não descarte que algumas das pessoas com quem trabalhava na Chas T. Main eram agentes disfarçados "sem cartão de visita". Ele sublinhou que a pessoa que o contratou como economista-chefe na empresa de consultoria "era reservista do exército dos EUA", e que "é provável que tenha sido ele que tivesse contato direto com as agências norte-americanas".

Perkins distribuía os empréstimos provenientes do Banco Mundial entre os países em desenvolvimento, acreditando que esse dinheiro financiava suas economias e seu desenvolvimento. Entretanto, esses fundos nunca chegavam à população e serviam os interesses da política externa norte-americana nesses países, especialmente nos países ricos em petróleo.

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O disfarce perfeito

"A NSA, a CIA e outras agências do mesmo tipo frequentemente utilizam as empresas que têm negócios aqui e ali. Porquê? Porque é um disfarce perfeito. Eles contratam essas empresas para que, em segredo, trabalhem para elas", revelou Perkins à Sputnik.

Nem a NSA nem a CIA pagaram a Perkins diretamente. "Quem me pagou foi sempre a minha empresa, a Chas T. Main", que, por sua vez, obtinha dinheiro dessas duas agências para poder financiar diferentes projetos nos países pobres. Desta forma, o Governo dos EUA podia sempre dizer que não tinha nada a ver com isso. "Todos atuavam através de empresas privadas", acrescentou ele.

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Perkins explicou que acreditava que seu trabalho ajudava os países em desenvolvimento a melhorar suas economias.

"Porque a nossa tarefa era investir dinheiro nesses países para crescerem. E, de fato, segundo as estatísticas, eles cresceram, mas depois de um tempo comecei a perceber que os investimentos iam para um pequeno número de famílias ricas desses países, para as empresas norte-americanas e, obviamente, para a própria empresa na qual eu trabalhava".

O escritor lembrou o caso do Equador e da Indonésia, cujos governos receberam dinheiro com a condição de usá-lo para melhorar a infraestrutura do país mas apenas se esse trabalho contasse com a participação de empresas norte-americanas, como a Halliburton ou a General Electric.

"Ao mesmo tempo, a maioria da população desses países, gente pobre e muito pobre, continuou a sofrer e sua situação econômica ainda era deplorável. Levou-me anos para perceber isso. Em particular, porque falo um pouco espanhol […] e quando passava pelas ruas desses países e falava com a gente, via seus problemas".

Perkins acabou deixando seu trabalho na Chas T. Main depois de conhecer a verdade.

"Aceite a oferta e não escreva nenhum livro"

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Perkins explicou à Sputnik como, depois de deixar a empresa, começou a receber ameaças de morte por telefone, em seu correio eletrônico e no de membros da sua família. Também recebeu "uma oferta muito atraente" de outra empresa de consultoria que era concorrente da Chas T. Main.

"Essas pessoas me disseram: 'Aceite a oferta e não escreva nenhum livro'. Senti-me pressionado e, no início, escrevi livros sobre outros temas. Só alguns anos mais tarde escrevi 'Confissões de um Assassino Econômico', o meu livro mais conhecido", explicou ele à Sputnik.

Perkins agora revela que as motivações das grandes empresas e multinacionais são seus próprios interesses e que essas empresas ignoram as consequências de suas ações.

"O mundo está preso em um sistema econômico e em uma guerra permanente que o ameaçam", advertiu ele.

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