De acordo com ele, a ideia da lei é que "no trabalho dos agentes estrangeiros em relação a suas possibilidades de lobby" haja mais transparência. Kaye assinalou que por todo o mundo há muitos governos exigindo o mesmo.
"Em geral, não há nada de ruim. Contudo, quando usado contra jornalistas, o efeito contíguo acontece. Assim, pode prejudicar não somente o trabalho do RT e da Sputnik, como planejado inicialmente, mas também pode minar a credibilidade de jornalistas estrangeiros em geral", assinalou ele.
"É muito difícil limitar a aplicação de uma lei deste tipo para que ela não seja utilizada contra jornalistas do nosso país no exterior. É isso que estamos observando agora. No momento, parece ao termo diplomático, quando um país qualifica outro como 'persona non grata'", assinalou.
O entrevistado acrescentou que, mesmo se os EUA tivessem motivos para incluir o RT e a Sputnik na lista de agentes estrangeiros, eles não deveriam ter posto em prática devido às consequências.
Kaye assinalou também que a privação de acreditação do RT no Congresso dos EUA é um passo improdutivo.
"Acredito que devemos ter um elevado nível de tolerância em relação à mídia com a qual não concordamos, inclusive quanto à mídia que, em nossa opinião, serve para difundir desinformação estatal", frisou.
"Trata-se de uma corrida armamentista. Ela causa um prejuízo até maior do que o dano inicial", assume Kaye.
Os EUA qualificaram o RT America e a sócia da Sputnik Reston Translator como agentes estrangeiros. A empresa norte-americana Multicultural Radio Broadcasting também foi ameaçada de entrar na lista se transmitir programas da Sputnik.
Por sua vez, a Rússia aprovou a lei sobre agentes estrangeiros da mídia e incluiu na lista nove veículos da imprensa estadunidenses.