"Eu acho que isso poderia acontecer", disse o republicano Inhofe a um grupo de repórteres na terça-feira. "Você tem um cara lá embaixo que está matando todo mundo. Você poderia colocá-lo em uma base que a Rússia teria em nosso hemisfério. E se essas coisas acontecerem, pode ser até o ponto em que teremos que intervir com tropas e responder".
Se a Rússia ousar invadir o espaço reclamado pelos EUA, Inhofe não titubeou: "temos que tomar as medidas necessárias para impedi-los de fazer isso".
Enquanto o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, disputa o poder, o governo russo mantém o apoio ao presidente Nicolás Maduro. A Rússia, no entanto, não prometeu ajuda militar a Maduro, e o diplomata russo Alexander Shchetinin assegurou na segunda-feira que a Venezuela não solicitou ajuda militar de Moscou.
Depois que Guaidó se declarou presidente interino da Venezuela no mês passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, imediatamente reconheceu Guaidó como o líder legítimo do país caribenho. Desde então, os EUA prometeram ajuda humanitária a Guaidó, convocaram os militares da Venezuela para apoiá-lo, e aplicaram novas sanções econômicas ao governo de Maduro.
Maduro denunciou o patrocínio de Washington a Guaidó como uma tentativa de golpe "vil", mas ainda assim pediu negociações com o líder da oposição. Já os EUA se recusaram a participar de qualquer discussão com Maduro.
Os EUA não chegaram a enviar tropas para a Venezuela, apesar de Trump e do conselheiro de segurança nacional John Bolton dizerem que a opção está "na mesa". Falando na terça-feira, Inhofe concordou e sugeriu que Trump poderia lançar uma operação militar na Venezuela sem autorização do Congresso.
"Eu não acho que seja necessário", avaliou. "Se existe uma ameaça que atinge o limiar do presidente tendo a capacidade, a capacidade constitucional de desdobrar tropas, então isso é um desconhecido. Nós não sabemos agora".
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, alertou os Estados Unidos contra a intervenção militar também na terça-feira.
"Lavrov alertou contra toda a interferência nos assuntos internos da Venezuela, incluindo o uso da força ameaçada por Washington e que está violando a lei internacional", informou o ministério russo em um comunicado.
'Nosso hemisfério'
Inhofe afirmou que um fluxo de tropas ou armas russas no hemisfério ocidental "seria uma ameaça para os Estados Unidos da América". Os Estados Unidos, entretanto, lêem a partir de um livro de regras diferente.
Os EUA mantêm cerca de 800 bases militares em mais de 70 países em todo o mundo, com uma posição em todos os continentes. E, enquanto Inhofe quer manter um hemisfério inteiro livre da influência russa, os EUA estão atualmente em negociações para estabelecer uma base militar permanente na Polônia, bem à porta da Rússia. Dada a longa história de animosidade entre a Polônia e a Rússia, o governo polonês se ofereceu para desembolsar US$ 2 bilhões para a criação da base.
Mais adiante, nenhum hemisfério está além do alcance dos Estados Unidos. O Exército dos EUA divide o globo em seis áreas de responsabilidade do Comando Combatente, que ele mantém em tempos de paz e guerra. A Rússia, enquanto isso, divide seu território em quatro distritos militares, todos dentro de suas próprias fronteiras.