Segundo o deputado do Parlamento sírio Husein Ragib, o governo sírio pode usar todos os meios para repelir a invasão da Turquia, mas no início a resposta do governo será feita de modo diplomático através dos países garantes, do Conselho de Segurança e da ONU.
"As ações da Turquia são ocupação e agressão", afirma o deputado sírio. "Por isso a Síria tem todas as razões legais para se defender tanto por meios diplomáticos como militares. Isso é referido no artigo 51 da Carta das Nações Unidas."
Ragib afirma que todos os sírios estão "prontos para combater": "Milhares de homens jovens das mais variadas partes da sociedade síria podem rechaçar essa agressão. O Exército sírio também está pronto para a batalha."
Situação imprevisível
Outro deputado do Parlamento sírio, Khalil Taamah, notou em entrevista à Sputnik Árabe que é impossível prever o desenvolvimento da situação: "Síria não está só perante a invasão da Turquia, está sendo realizada uma coordenação com os aliados para respeitar os interesses comuns."
O deputado sublinhou que a Turquia tem "grandes ambições" no norte da Síria, mas "eles não são tolos para pensar que podem se demorar por muito tempo nas regiões que estão ocupando atualmente", declarou.
O especialista russo em problemas dos países do Oriente Médio e do Cáucaso Stanislav Tarasov também apontou para a imprevisibilidade da situação. "Os turcos apostaram tudo. Eles tentaram chegar a um acordo com os norte-americanos, mas não conseguiram. A Turquia está sob ameaça de violação da integridade do seu território devido à criação de um enclave curdo a leste do Eufrates. A Turquia é obrigada a realizar essa operação em desespero." O especialista também notou que Moscou apela ao cumprimento de todos os acordos.
Só um mês
Segundo aponta o diretor do Instituto do Desenvolvimento Estatal Contemporâneo, Dmitry Solonnikov, um dos objetivos da operação turca é o efeito informativo e não a eliminação de todos os curdos. "Eles precisam chegar ostensivamente e punir os curdos que ameaçam a segurança do sul da Turquia." O especialista admitiu que esta seja uma operação de curto prazo, decorrendo durante só um mês, e que vai acabar quando a Turquia afastar os curdos das fronteiras do país.
"Algo parecido ocorreu no Iraque e na Síria. Cria-se uma zona de alguns quilômetros ao longo da fronteira turca para garantir a segurança do país. Ninguém tenciona liquidar o exército curdo", concluiu o especialista.
Será difícil para Erdogan, mas valerá a pena
Falando sobre a dificuldade que essa tarefa vai representar para a Turquia, o especialista em Oriente Médio e professor Grigory Lukyanov aponta que os grupos de curdos estão bem equipados com armamento norte-americano e possuem dados obtidos da inteligência dos EUA.
"Mas neste momento, diz o especialista, formou-se uma situação política favorável para Erdogan realizar essa operação."
Lukyanov aponta que o presidente turco obteve várias possibilidades após ter estabelecido o diálogo com Damasco. Na última vez seu avanço pelo território da Síria foi detido por ataques pontuais da aviação russa. "Por isso é preciso aproveitar as oportunidades que existem hoje", disse o professor.
Reação dos países árabes
Vários países árabes já se pronunciaram condenando a operação turca.
O ministro libanês do Comércio Externo, Hasan Murad, apelou aos países árabes para resistir à agressão turca, demonstrando a "solidariedade árabe comum".
"Não podemos permitir que a Turquia realize uma depuração étnica e obrigue os sírios a se tornarem refugiados", disse o ministro em entrevista à Sputnik.
O ministro apontou que primeiramente a Liga dos Países Árabes deve readmitir a Síria na sua composição "para suportá-la política e economicamente". A reunião do Conselho da Liga será realizada já neste sábado, 12 de outubro.
Fonte de Paz
A Turquia começou a operação militar contra as forças curdas no nordeste da Síria nesta quarta-feira (9) com um ataque aéreo contra a cidade de Ras al-Ain. Outra cidade fronteiriça que foi atingida pelos ataques é Tel Abyad. Em 12 de outubro o Ministério da Defesa da Turquia declarou que a quantidade de "terroristas" neutralizados subiu para 415.