Após o recente ataque de drone que matou o general iraniano Qassem Soleimani, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse ao seu homólogo iraniano que ambos os países deveriam se opor conjuntamente ao "unilateralismo e intimidação".
No entanto, Pequim limitou cuidadosamente seu apoio à modernização militar do Irã nos últimos quinze anos, afirma Joel Wuthnow em um artigo no National Interest. Um retorno aos anos dourados nas relações entre os dois países na década de 80 traria novos desafios aos Estados Unidos e seus aliados.
Desde a Revolução iraniana de 1979, a estratégia chinesa em relação ao Irã tem flutuado com base em oportunidades externas, como interesses econômicos no setor de gás natural e petróleo, além do fornecimento de armas usadas na Guerra Irã–Iraque.
Por que a China armaria o Irã?
Conforme argumenta Wuthnow argumenta em seu artigo:
"Ainda que o Irã tenha conseguido efetivamente produzir alguns itens, como drones, a Agência de Inteligência de Defesa considera que Teerã 'continua dependente de países como a Rússia e China para aquisição de capacidades convencionais avançadas'. Pequim poderia se beneficiar ao fornecer as armas convencionais em falta em diversas aéreas".
Como fornecedor do Irã, a China teria de competir com a Rússia, que já negocia com o país persa contratos no valor de US$ 10 bilhões (R$ 41,7 bilhões). Contudo, a China poderia se aproveitar da baixa competição no mercado iraniano, uma vez que o embargo de exportações militares da União Europeia ao Irã só acaba em 2023, além de ter uma vantagem competitiva de preço.
O gigante asiático poderia usar suas negociações com Teerã como moeda de troca para pressionar os Estados Unidos a diminuírem suas exportações militares a Taiwan, considerada uma província rebelde por Pequim, avalia Joel Wuthnow em seu artigo.
As tensões entre Estados Unidos e Irã ganham cada vez mais as características de um cenário de competição geopolítica regional. Para evitar o avanço chinês, o autor da publicação considera que Washington deve criar uma coalizão com seus aliados regionais para dissuadir Pequim de fornecer armas ao governo iraniano.