A proposta do governo "incorpora um período de carência" para não pagar juros durante "três anos", explicou o ministro da Economia, Martín Guzmán, durante a apresentação na província de Buenos Aires.
Durante um encontro com o presidente Alberto Fernández, a vice-presidente Cristina Kirchner e vários governadores do país, o titular do Palácio da Fazenda reconheceu que ainda não há um acordo com os credores, mas advertiu "que hoje a Argentina não pode pagar nada, não somente agora, mas também por alguns anos".
No cenário atual, o país sul-americano propôs aos credores de sua dívida externa um corte de 62% dos juros, o que equivale a US$ 37,9 bilhões (R$ 198,3 bilhões), mais uma redução de capital de 5,4%, o que traria um alívio adicional de 3,6 bilhões de dólares (R$ 18,8 bilhões).
O país vizinho retomaria o pagamento dos juros "com uma taxa de 0,5%" inicial até que vá "crescendo até níveis sustentáveis". O governo argentino dará um prazo de 20 dias para que credores aceitem este acordo.
A comunicação formal da proposta aos credores externos será realizada em 17 de abril.
"Querer forçar o pagamento de uma dívida insustentável significaria uma carga ainda maior. Significaria condenar mais milhões à pobreza, ao desemprego, à perda de oportunidades e sonhos", disse Guzmán ao defender um alívio que permita ao país honrar suas dívidas.
Necessidades agravadas
O presidente Alberto Fernández, por sua parte, sublinhou que "uma dívida sustentável é aquela que não adia as necessidades da Argentina".
As necessidades que o país tinha em dezembro "foram incrementadas devido ao desastre da pandemia do novo coronavírus", observou o chefe de Estado.
Em todo o caso, "propomos ser sérios e não aproveitar a conjuntura do coronavírus para dilatar este problema", acrescentou Fernández após a intervenção de seu ministro da Economia.
O país sul-americano mantém, entre outras, uma dívida com o Fundo Monetário Internacional de US$ 44 bilhões (R$ 230 bilhões), que foi contraída durante a presidência de Maurício Macri (2015 - 2019).
O governo espera renegociar a dívida externa que se encontra em mãos de credores estrangeiros, mas advertiu que o país deve crescer antes de cumprir seus compromissos financeiros.