"No caso da infecção por SARS-CoV-2, existem casos raros de formas graves, incluindo casos fatais, em crianças, adolescentes e adultos relativamente jovens. Ou seja, não estamos falando de dois fatores de risco principais: idade avançada e doenças crônicas. Esses casos inexplicáveis indicam a existência de fatores genéticos que influenciam a resposta ao vírus", explicou Casanova, em entrevista ao jornal Le Monde.
De acordo com o especialista, esta hipótese é que pacientes relativamente jovens podem ter uma predisposição genética que não se manifesta até o primeiro contato com o vírus, mas que depois causa uma forma grave da doença até levar o paciente para a unidade de terapia intensiva.
"De acordo com esta hipótese, no momento do contato com a infecção, seu fenótipo se manifesta, a vulnerabilidade perante ela existente em seus genes. Portanto, nosso objetivo é identificar variações no genoma que possam explicar a ocorrência de formas graves", disse o professor.
O cientista observou que sua equipe vem aderindo, há cerca de 20 anos, à hipótese de que todas as doenças infecciosas estão associadas ao fator genético. Segundo ele, a teoria da existência de uma base genética das doenças infecciosas foi confirmada por estudos da genética clássica, entre 1905 e 1945.
Vulnerabilidade seletiva
"Nos últimos 25 anos, vários grupos de cientistas identificaram variações genéticas que levam à vulnerabilidade seletiva a certas doenças infecciosas entre crianças, adolescentes e adultos jovens", acrescentou o imunologista.
A equipe de Casanova, que dirige um laboratório de genética de doenças infecciosas em Paris e Nova York, está atualmente estudando o papel da predisposição genética na suscetibilidade ao coronavírus.
Até o momento, de acordo com os últimos dados, mais de 2,2 milhões de pessoas foram infectadas pelo coronavírus no mundo, cerca de 154 mil morreram.