Nesta quarta-feira (17), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reafirmou sua intenção de manter reiniciar comunicação direta com a nova administração dos EUA durante durante coletiva de imprensa oferecida à mídia nacional e internacional em Caracas.
"Quem quiser dialogar conosco, estamos à disposição de um diálogo aberto e inclusivo para buscar a convivência. A revolução vai estar sempre aqui", disse o presidente citado pela mídia.
Entretanto, Maduro fez questão de ressaltar que os EUA costumam observar essa possibilidade de diálogo como uma abertura trivial, no sentido de que interpretaria a mesma como uma envergação do país sul-americano diante de Washington.
"Estamos sempre à disposição para o diálogo, o que acontece é que há setores dos Estados Unidos que o interpretam como fragilidade. Ou como se estivéssemos implorando. Nem fraqueza, nem implorar. Bastante dignidade e coragem já foi mostrada nesta cidade [Caracas]", disse o presidente.
Esta não é a primeira declaração de Maduro a respeito do diálogo aberto com os EUA. No dia 21 de janeiro, durante a entrega do Prêmio Nacional de Cultura 2019-2020, o presidente anunciou que seu país está pronto para se comunicar com Washignton e empreender um "novo começo" baseado no respeito e no reconhecimento mútuo, segundo a mídia.
No entanto, mesmo com discurso amistoso, Maduro ainda vê os EUA com uma política trumpista, e que há de se "tomar cuidado", pois o governo norte-americano teria diretrizes que não respeitam as leis de outros países.
"O Departamento de Estado [dos EUA] mantém uma política trumpista que não aposta na conciliação e no respeito. [Nenhum governo] Deve impor regras a outro país, o direito à autodeterminação deve ser respeitado [...]. O mundo do século XXI deve ser um mundo de respeito à autodeterminação dos povos e à independência dos Estados", disse o presidente na mesma conferência de imprensa.
O chefe de Estado venezuelano afirmou então que espera que Joe Biden saiba como lidar com as crises e pediu-lhe que fosse justo com a Venezuela e não continuasse com a política de seu antecessor, Donald Trump, que, segundo ele, instalou uma narrativa extremista sobre Caracas, que "foi derrotada pela realidade de um país que quer a paz". Contudo, o presidente democrata já havia chamado Maduro de "ditador", segundo a mídia.