A natureza de tais agendas parece aos olhos dos observadores chineses como um "testar das águas" por parte dos EUA aos seus aliados asiáticos para a possibilidade de formar uma "aliança inquebrável" para conter a ascensão da China, informa o jornal Global Times.
Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, deverá visitar a Índia na próxima semana, onde provavelmente ambos os países discutirão como aprofundar suas relações militares para conter o crescimento da influência chinesa na região do Indo-Pacífico. Em seguida, Austin deverá se juntar ao secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, em visita ao Japão e à Coreia do Sul.
Colocar a Índia na lista do grupo principal de países a ser visitados pelo chefe do Pentágono é um marco muito importante para a Índia, mas ainda está para ser vista a longevidade de tal aliança, segundo contou Yang Xiyu, pesquisador sênior no Instituto de Estudos Internacionais da China, ao Global Times na segunda-feira (8).
De acordo com Yang, Washington e Nova Deli têm sempre seus próprios interesses em mente: enquanto os EUA querem usar a Índia como contrapeso para recuperar sua hegemonia na região do Indo-Pacífico e conter a China, a Índia poderia estar planejando mostrar sua cooperação com os EUA e blefar para China quão influente é.
"A Índia nunca se deixará ficar somente como um aliado subsidiado pelos EUA, [pois] sua posição é determinada pelo princípio fundamental de não alinhamento e pela sua ambição em se tornar uma potência mundial. Além disso, Nova Deli não poderia correr o risco de provocar a China ao tomar publicamente lados entre Washington e Pequim", explica Yang, citado pela mídia chinesa.
Existem outros fatores que poderiam contribuir negativamente para as relações entre os EUA e a Índia, tal como o fato de o equipamento militar americano ainda ser demasiado caro para a Índia, e por isso a última utiliza armas e equipamentos da Rússia. Por outro lado, vários observadores preveem que a duração da aliança entre EUA e Índia vai depender do desenvolvimento das relações entre Nova Deli e Pequim.
Em uma coletiva de imprensa no domingo (7), o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou que as situações semelhantes enfrentadas por Índia e China representariam o quão semelhantes seriam suas posições em relação aos mesmos assuntos. Tais semelhanças fariam dos dois gigantes asiáticos amigos e parceiros, e não ameaças e rivais um do outro, segundo o artigo.
No que toca ao conflito na fronteira entre ambos, Wang indicou que isso não seria mais que um problema histórico e que não representaria a verdadeira natureza das relações bilaterais entre as suas nações. Por sua vez, reiterou que o conflito em questão é um assunto regional entre duas nações e que, de igual modo, deverá ser resolvido entre ambas, pelo que qualquer interferência vinda de fora não deveria ser tolerada.
Contudo, não é apenas a Índia que poderia mostrar reservas não só à sua aliança com os EUA, dentro do grupo Quad. O Japão, nação insular vizinha da China, também tem suas preocupações em trabalhar com os EUA, podendo tal parceria ser negativa para seus interesses, sublinha o Global Times.
Levando em consideração toda a informação prestada, é possível que, tal como apontado por Yang e outros especialistas do assunto, as divergências de interesses de cada país-membro do Quad vão dissipar o potencial e utilidade do mesmo. No fim das contas, a dita aliança estratégica vai se parecer mais com um "clube vazio" do que com uma verdadeira aliança de segurança.