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Disputa acirrada: como chegam Lula e Bolsonaro à reta final das eleições no Brasil?
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O Brasil vive a expectativa de ir às urnas no domingo (30) para escolher entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente brasileiro, Jair... 27.10.2022, Sputnik Brasil
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Realizado no início do mês, o primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil terminou com Lula à frente na votação, com 48,4% (cerca de 57,2 milhões de votos), e Bolsonaro com 43,2% (cerca de 51 milhões de votos). Segundo a mais recente pesquisa de intenção de voto do instituto Datafolha, Lula mantém a dianteira e tem 52% da preferência dos eleitores em votos válidos, enquanto Bolsonaro está com 48%.Já nos capítulos finais da disputa, a três dias da marcha dos eleitores brasileiros às urnas, restam poucos compromissos de campanha para os candidatos, sendo o principal deles o debate presidencial da Globo, marcado para a noite da sexta-feira (28).Apesar disso, não faltam polêmicas na campanha. Há poucos dias, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, um aliado próximo de Bolsonaro, foi preso após receber a Polícia Federal com tiros e bombas de efeito moral. Nesta semana, Bolsonaro também denunciou uma suposta tentativa de rádios do Nordeste de prejudicar sua campanha, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) arquivou a denúncia por falta de provas. Em coletiva na quarta-feira (26), o presidente atacou o TSE devido à decisão e falou em ir "às últimas consequências".Para a cientista social Maria do Socorro Sousa Braga, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e especialista em processo eleitoral e partidos, Lula e Bolsonaro chegam à reta final em situações distintas. Segundo a avaliação da pesquisadora, o candidato petista segue sendo favorito a vencer o pleito, enquanto Bolsonaro tende a perder apoio devido às polêmicas recentes.De acordo com a cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o favoritismo de Lula precisa ser colocado em perspectiva, uma vez que Bolsonaro tem uma grande vantagem sobre o ex-presidente na disputa.Para Goulart, há padrões em termos de campanha eleitoral nos candidatos "populistas de direita" ao redor do mundo reproduzidos por Bolsonaro no Brasil. Para ela, esses padrões têm levado a campanha para trocas de acusações e polêmicas. Um deles é a divisão do mundo entre bem e mal.Além disso, Goulart destaca o uso de notícias falsas nas chamadas ao longo das últimas semanas. "Essas bolhas de dissonância cognitiva são estimuladas, alimentadas nessa reta final de campanha com um conteúdo que demoniza o adversário", diz.Bolsonaro chega perto do 2º turno com campanha em baixaPara Sousa Braga, a campanha de Bolsonaro é a que mais perdeu após o primeiro turno, especialmente ao longo da última semana. "No início demonstrou haver fôlego para ameaçar a liderança de Lula, mas depois dos últimos eventos começou a perder apoio", aponta, destacando o episódio da prisão de Roberto Jefferson.Segundo ela, Bolsonaro precisa reverter em pouco tempo uma "alta rejeição" do eleitorado — que voltou a subir após os episódios recentes e ameaça sua candidatura. Para a pesquisadora, o presidente brasileiro também sofre com o repúdio de parte da população à gestão do atual governo durante a pandemia de COVID-19, que matou mais de 680 mil brasileiros.Sousa Braga acredita que, mesmo diante do momento ruim, Bolsonaro ainda tem pontos a explorar. Para ela, apostas como o foco em pautas de costumes — com o apoio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro —, discursos menos agressivos na televisão, bom desempenho nos debates e o uso da máquina pública para a entrega e ampliação de benefícios no período eleitoral são pontos a favor do presidente na reta final da tentativa de reeleição.A pesquisadora destaca que Bolsonaro também se beneficia da eleição de uma bancada conservadora no Congresso Nacional e do apoio de governadores eleitos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, além de candidatos fortes em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.Somados a esses pontos, Sousa Braga lembra ainda que os erros dos institutos nas pesquisas de opinião na primeira volta do pleito eleitoral também beneficiam Bolsonaro.Lula tem propostas 'mais organizadas' na reta final, mas enfrenta desafioA cientista social Maria do Socorro Braga acredita que Lula chega a esse ponto da campanha com propostas "mais organizadas" para a crise social e econômica do país e acertou na realização de caminhadas ao redor do Brasil.Já a pesquisadora Mayra Goulart destaca que a campanha de Lula tem a seu favor a memória positiva do governo do petista e o discurso a favor da democracia, que aponta Bolsonaro como uma ameaça ao sistema democrático.Apesar do panorama positivo, Sousa Braga vê pontos fracos no segundo turno de Lula. Na avaliação dela, Lula teve um desempenho ruim nos debates televisionados e precisa adotar postura e atitudes mais firmes diante dos ataques de seu adversário.As duas pesquisadoras também ressaltam que o fato de Bolsonaro ter em suas mãos a máquina estatal é uma ameaça à candidatura petista. Segundo elas, esse fator dá a Bolsonaro diversas vantagens em sua busca pela reeleição, o que tem se manifestado na construção de políticas voltadas ao eleitor de baixa renda — um dos principais setores da base de apoiadores de Lula.
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Disputa acirrada: como chegam Lula e Bolsonaro à reta final das eleições no Brasil?
13:19 27.10.2022 (atualizado: 15:56 27.10.2022) Especiais
O Brasil vive a expectativa de ir às urnas no domingo (30) para escolher entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL) em meio a uma dura campanha. A Sputnik Brasil ouviu duas cientistas políticas para explicar o quadro atual da disputa e discutir os últimos passos dos presidenciáveis.
Realizado no início do mês, o primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil terminou com Lula à frente na votação, com 48,4% (cerca de 57,2 milhões de votos), e Bolsonaro com 43,2% (cerca de 51 milhões de votos). Segundo a mais recente pesquisa de intenção de voto do instituto Datafolha, Lula mantém a dianteira e tem 52% da preferência dos eleitores em votos válidos, enquanto Bolsonaro está com 48%.
Já nos capítulos finais da disputa, a três dias da marcha dos eleitores brasileiros às urnas, restam poucos compromissos de campanha para os candidatos, sendo o principal deles o debate presidencial da Globo, marcado para a noite da sexta-feira (28).
Apesar disso, não faltam polêmicas na campanha. Há poucos dias, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, um aliado próximo de Bolsonaro, foi preso após receber a Polícia Federal com tiros e bombas de efeito moral. Nesta semana, Bolsonaro também denunciou uma suposta tentativa de rádios do Nordeste de prejudicar sua campanha, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) arquivou a denúncia por falta de provas. Em coletiva na quarta-feira (26), o presidente atacou o TSE devido à decisão e falou em ir "às últimas consequências".
Para a cientista social Maria do Socorro Sousa Braga, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e especialista em processo eleitoral e partidos, Lula e Bolsonaro chegam à reta final em situações distintas. Segundo a avaliação da pesquisadora, o candidato petista segue sendo favorito a vencer o pleito, enquanto Bolsonaro tende a perder apoio devido às polêmicas recentes.
"Bolsonaro oscilou nas últimas pesquisas para baixo, mesmo que tenha se mantido na margem de erro. A tendência é de redução de seu apoio após os últimos acontecimentos, que afetam sua campanha. Este último pedido de adiamento das eleições [por aliados de Bolsonaro] demonstra o desespero deles pelo que já devem estar sabendo por conta de pesquisas qualitativas", diz a pesquisadora em entrevista à Sputnik Brasil.
De acordo com a cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o favoritismo de Lula precisa ser colocado em perspectiva, uma vez que Bolsonaro tem uma grande vantagem sobre o ex-presidente na disputa.
"Esse favoritismo, quando a gente pensa apenas em termos numéricos, não é suficientemente ressaltado. Porque o Lula está concorrendo com um incumbente, ou seja, alguém que está no poder, que tem o mandato, e isso já confere a qualquer incumbente uma grande vantagem. Todo mundo que concorre contra alguém que já está no poder é um azarão. O fato de ele estar à frente do candidato incumbente mostra a força dessa candidatura", afirma a cientista política em entrevista à Sputnik Brasil, destacando que Bolsonaro tem usado a máquina pública para "medidas eleitoreiras".
Para Goulart, há padrões em termos de campanha eleitoral nos candidatos "populistas de direita" ao redor do mundo reproduzidos por Bolsonaro no Brasil. Para ela, esses padrões têm levado a campanha para trocas de acusações e polêmicas. Um deles é a divisão do mundo entre bem e mal.
"É uma intensificação na reta final que é uma característica dos populistas de direita: o maniqueísmo, uma divisão do mundo entre bem e mal e a demonização do adversário político, que é transformado em inimigo", diz a pesquisadora, acrescentando que essas narrativas maniqueístas dão o tom da campanha atualmente.
Além disso, Goulart destaca o uso de notícias falsas nas chamadas ao longo das últimas semanas. "Essas bolhas de dissonância cognitiva são estimuladas, alimentadas nessa reta final de campanha com um conteúdo que demoniza o adversário", diz.
Bolsonaro chega perto do 2º turno com campanha em baixa
Para Sousa Braga, a campanha de Bolsonaro é a que mais perdeu após o primeiro turno, especialmente ao longo da última semana. "No início demonstrou haver fôlego para ameaçar a liderança de Lula, mas
depois dos últimos eventos começou a perder apoio", aponta, destacando o
episódio da prisão de Roberto Jefferson.
Segundo ela, Bolsonaro precisa reverter em pouco tempo uma "alta rejeição" do eleitorado — que
voltou a subir após os episódios recentes e ameaça sua candidatura. Para a pesquisadora, o presidente brasileiro também sofre com o repúdio de parte da população à gestão do atual governo durante a pandemia de COVID-19, que
matou mais de 680 mil brasileiros.
"A negação da gravidade da doença e a promoção de tratamentos sem comprovação científica também ajudam a explicar por que Bolsonaro não manteve o mesmo patamar de eleitores do segundo turno de 2018", afirma, acrescentando que o atual presidente também precisa lidar com suspeitas de irregularidades no governo e "abuso de autoridade política" no amplo uso da máquina pública para "medidas eleitoreiras".
Sousa Braga acredita que, mesmo diante do momento ruim, Bolsonaro ainda tem pontos a explorar. Para ela, apostas como o foco em pautas de costumes — com o apoio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro —, discursos menos agressivos na televisão, bom desempenho nos debates e o uso da máquina pública para a entrega e ampliação de benefícios no período eleitoral são pontos a favor do presidente na reta final da tentativa de reeleição.
"Graças a um pacto com os estados para redução de impostos, o preço dos combustíveis caiu muito. O governo também patrocinou empréstimos consignados, o Auxílio Brasil, o bônus financeiro a caminhoneiros e taxistas. Essas políticas atingiram um extenso contingente de carentes, minando bases que no passado foram cortejadas por Lula", aponta.
A pesquisadora destaca que Bolsonaro também se beneficia da eleição de uma bancada conservadora no Congresso Nacional e do apoio de governadores eleitos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, além de candidatos fortes em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Somados a esses pontos, Sousa Braga lembra ainda que os erros dos institutos nas pesquisas de opinião na primeira volta do pleito eleitoral também beneficiam Bolsonaro.
"Algumas previsões, como a dos dois institutos [Ipec e Datafolha], eram que a eleição se definiria no primeiro turno em favor de Lula. Como isso não aconteceu e Bolsonaro fez muito mais votos que o previsto pela maioria dos institutos, as estimativas perderam credibilidade, algo que foi bastante usado na campanha bolsonarista", aponta, lembrando as pesquisas que davam a vitória a Lula dentro da margem de erro no primeiro turno.
Lula tem propostas 'mais organizadas' na reta final, mas enfrenta desafio
A cientista social Maria do Socorro Braga acredita que Lula chega a esse ponto da campanha com propostas "mais organizadas" para a crise social e econômica do país e acertou na realização de caminhadas ao redor do Brasil.
Já a pesquisadora Mayra Goulart destaca que a campanha de Lula tem a seu favor a memória positiva do governo do petista e o discurso a favor da democracia, que aponta Bolsonaro como uma ameaça ao sistema democrático.
Apesar do panorama positivo, Sousa Braga vê pontos fracos no segundo turno de Lula. Na avaliação dela, Lula
teve um desempenho ruim nos debates televisionados e precisa adotar postura e atitudes mais firmes diante dos ataques de seu adversário.
"Como estadista que o Lula é, precisa ter outra postura e atitudes diante das agressões, acusações, pressões e ameaças de Bolsonaro", aponta, acrescentando que Lula fez uma má gestão do tempo durante o debate realizado pela Band.
As duas pesquisadoras também ressaltam que o fato de Bolsonaro ter em suas mãos a máquina estatal é uma ameaça à candidatura petista. Segundo elas, esse fator dá a Bolsonaro diversas vantagens em sua busca pela reeleição, o que tem se manifestado na construção de políticas voltadas ao eleitor de baixa renda — um dos principais setores da base de apoiadores de Lula.