Surpresa desagradável para Washington: exército chinês obterá radares britânicos

O jornal South China Morning Post relatou que as autoridades britânicas autorizaram exportação de equipamentos e tecnologias ligadas a radares militares para a China. A informação não deverá agradar a Washington que vem pedindo aos aliados para limitar entrega de tecnologias militares de dupla utilização a Pequim.
Sputnik

Segundo os documentos, aos quais jornalistas tiveram acesso, o contrato foi aprovado por Londres ainda em abril. As partes teriam chegado ao acordo para fornecimento de radares militares durante a visita da primeira-ministra Theresa May ao gigante asiático no fim de janeiro e início de fevereiro deste ano, que tinha por objetivo impulsionar comércio bilateral e desenvolver cooperação industrial.

Surpreende tanto a aprovação do acordo como o fato de a empresa fornecedora não ser limitada nem pelo pagamento nem pelo volume de remessas. De fato, Londres deu aos militares chineses pleno acesso às tecnologias de radares modernos.

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Ainda na época da Segunda Guerra Mundial, As Forças Armadas britânicas foram as primeiras a usar radares para combater ataques aéreos, criando bases de radiolocalização nos anos posteriores. Por isso, o interesse de Pequim nas tecnologias britânicas não é de surpreender.

É possível que outros aliados dos EUA ignorem os conselhos de Donald Trump de limitar exportação de seus produtos para a China. Analista do Instituto de Cooperação Econômico-Comercial Internacional do Ministério do Comércio chinês, Mei Xinyu, comentou o assunto em entrevista à Sputnik China.

O Reino Unido permanece sendo sem dúvidas o principal aliado dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial. Porém, nota o analista, seus interesses nacionais e política são diferentes dos americanos.

"Sendo antigo império colonial, a Grã-Bretanha é mais experta e fina no que diz respeito a estabelecer contatos externos do que os EUA. Por outro lado, o comportamento de Donald Trump é o mais imprevisível entre todos os presidentes americanos. Claro que o Reino Unido não irá seguir o exemplo dos EUA em tudo", disse Xinyu.

O especialista acredita que tanto China como Reino Unido ponderaram bem o acordo antes de firmá-lo. Ainda por cima, Londres entende que as tecnologias chinesas atingiram um alto nível em certas áreas."Se o Reino Unido não vender equipamento radioeletrônico militar à China, isso não mudará nada. Mas, se firmar o acordo, poderá lucrar", acrescentou.

Xinyu põe em questão a criação — por iniciativa dos EUA — de uma coalização contra a China, pois os próprios americanos não conseguem chegar a um consenso na questão.

"Muitos estadunidenses esperam que os EUA consigam manter relações normais com a China e alcançar cooperação mutualmente vantajosa. Mas, claro, para os que veem Pequim como uma ameaça e falam sobre dissuasão, um acordo entre China e Reino Unido será uma decepção", opinou o analista.

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Uma surpresa ainda mais desagradável para Washington poderá ser a cooperação de especialistas britânicos e chineses na esfera de radiolocalização.

Engenheiros militares chineses começaram a testar recentemente um protótipo de radar quântico com Pequim estando interessada em trocar experiência com especialistas estrangeiros.

Apesar das restrições dos EUA, o contrato com o Reino Unido mostra que a situação não é tão desesperada para a China e quem poderá perder mais ao se recusar a cooperar com Pequim é Washington.

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