Em uma entrevista ao semanário russo Argumenty i Fakty, o chanceler russo Sergei Lavrov disse que não está esperando muito que as relações entre EUA e Rússia voltem aos trilhos antes das próximas eleições presidenciais nos EUA. Muitos políticos americanos estão explorando o sentimento anti-russo para estimular seus eleitores, acredita ele.
"Muitos políticos dos EUA estão tentando superar uns aos outros para alimentar a russofobia, usando esse fator em sua luta política interna. Entendemos que ela só ficará mais aquecida à medida que as eleições de 2020 chegarem mais perto", disse Lavrov, acrescentando que a Rússia continuará buscando um terreno comum com os EUA - mas Washington tem que retribuir para melhorar as coisas.
"A cooperação entre nós é o momento chave para garantir a estabilidade e a previsibilidade nos assuntos internacionais - mas nem tudo depende de nós: são necessários dois para o tango", complementou.
Lavrov se recusou a especular sobre quando as retaliações poderiam melhorar, referindo-se às políticas "inconsistentes e muitas vezes imprevisíveis" vindas de Washington. Ele reiterou, no entanto, que a Rússia está pronta para "trabalhar pacientemente para consertá-los", desde que os EUA respeitem os principais interesses russos.
Não ajudar a causa da reconciliação é a "caça" contínua aos cidadãos russos no exterior. Lavrov disse que Moscou não tem medo de retaliar quando nacionais russos forem presos em terceiros países e extraditados para os EUA - mas farão isso de acordo com o direito internacional, e não com os hábitos "semelhantes a gângsteres" do rival.
'EUA serão responsáveis pela catastrófica guerra do Irã'
Lavrov acredita que o aumento das tensões no Oriente Médio é a "consequência direta da linha anti-iraniana de Washington e alguns de seus aliados".
"Os EUA estão flexionando seus músculos, lançaram uma campanha para desacreditar o Irã, acusaram a República Islâmica de todos os pecados", avaliou Lavrov, acrescentando que agora "levaria apenas um fósforo" para incendiar toda a região, com consequências potencialmente devastadoras.
"A responsabilidade pelas consequências potencialmente catastróficas seria nos EUA", concluiu.