Os resultados da pesquisa, publicada na revista científica American Museum Novitates, mostram que restos tão antigos de grandes mamíferos nunca antes haviam sido encontrados no território da América do Norte.
Camping com descobertas misteriosas
Em 1973, uma professora canadense com os seus alunos foi acampar nos arredores da cidade de Whitehorse, no território federal de Yukon, no Canadá. Ao explorar os restos de uma antiga mina de cobre, os turistas encontraram vários fósseis – restos de dentes e ossos de alguns animais.
Naquela época não foi possível identificar as espécies a que pertenciam os restos, tendo estes sido entregues à coleção de fósseis do governo de Yukon.
Ficaram lá por 45 anos, até que uma equipe de pesquisadores do Canadá, Alemanha e EUA, dirigida por Jaelyn Eberledo, do Museu de História Natural da Universidade do Colorado, começou a estudar os restos.
Novo capítulo para antiga descoberta
Os cientistas estudaram os fragmentos de dentes, nos quais ainda existia esmalte, com um microscópio eletrônico, que permite observar os detalhes menores da estrutura do material.
O esmalte dos dentes de mamíferos é tão individual que pode se identificar a que animal pertence. Foi assim revelado que as amostras têm traços caraterísticos dos parentes de rinocerontes da família Rhinocerotidae.
"Não há bastante informação para identificar com total certeza a espécie de rinoceronte", diz Jaelyn Eberle, citada na declaração da Universidade do Colorado.
"No entanto, é possível que o animal fosse parecido com os animais da mesma idade que habitavam no sul do continente americano", disse ela.
Segundo a cientista, é provável que fosse da mesma dimensão ou menor que os rinocerontes pretos de hoje, era herbívoro e não tinha chifre.
Nos outros fósseis, os cientistas identificaram um fragmento de osso de um ungulado, talvez um cervo antigo, os pedaços de carapaça de tartarugas Chrysemys e Hesperotestudo, e também o fragmento de uma espinha do peixe Esox, antecessor do Lúcio.
"Há muitos fósseis de mamíferos da Idade do Gelo em Yukon, tais como mamutes, cavalos antigos e leões. Mas este é o primeiro caso de descoberta de mamíferos antigos que existiram antes da Idade do Gelo", diz Grant Zazula, coautor da pesquisa e paleontólogo do governo de Yukon.
A descoberta é única porque os cientistas conseguiram assim recuperar uma comunidade biológica, preenchendo uma lacuna na história paleontológica de Yukon.