Por que resultado negativo para COVID-19 nem sempre significa que pessoa não esteja infectada?

Pessoa infectada poderia testar negativo quando a amostra de muco da faringe é mal coletada ou caso o vírus já tenha migrado para o trato respiratório inferior, segundo médicos.
Sputnik

Embora a técnica de testes biológicos conhecida como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR, na sigla em inglês) para detectar o coronavírus esteja bem dominada, resultados negativos nem sempre significam que a pessoa testada não está infectada, relata a France Info.

As causas residem na técnica de coleta de amostras e nas características muito específicas da doença.

Para Bruno Pozzetto, chefe do departamento de virologia do Centro Hospital Universitário de Saint-Etienne (Loire), na França, onde são feitas 300 triagens de COVID-19 todos os dias, a fiabilidade de um teste depende em 90% da qualidade da amostra, afirmou o médico, citado pelo portal.

"O esfregaço deve ser coletado empurrando o cotonete pelo nariz para a parte de trás da garganta, para além da linha dos olhos. Há o risco de machucar um pouco o paciente, mas é indispensável para uma coleta bem-sucedida", explica o médico.

No entanto, mesmo que a amostra tenha sido obtida de forma correta, muito depende ainda do momento em que o teste é feito, uma vez que a localização viral muda durante o curso da doença.

O vírus migra

De acordo com Bruno Pozzetto, após o 7º ou 8º dia, a infecção desce para o trato respiratório inferior. Nesta fase, é mais eficaz recorrer a lavagens broncoalveolares, por endoscopia, não sendo agora a RCP um método fiável de coleta de amostras. Durante esta operação, são introduzidas algumas dezenas de mililitros de soro fisiológico no fundo dos bronquíolos. Este soro é então reaspirado antes de ser colocado num frasco esterilizado.

"Este é o melhor método de teste de uma infecção pulmonar, por temos certeza de que não será contaminada pela flora bacteriana presente na nasofaringe, na traqueia e no início dos bronquíolos", explica o especialista.

Coleta de amostra de mucosa é suficiente?

Nicolas Lévêque, chefe do departamento de virologia do Hospital Universitário de Poitiers, discorda do colega, opinando que na esmagadora maioria dos casos, o esfregaço nasofaríngeo, ou seja, a amostra de mucosa, é mais do que suficiente.

"O esfregaço nasofaríngeo é suficiente em 99% dos casos para as formas comuns da doença, e, para além disso, é mais fácil de manusear em laboratório", disse o especialista, citado pela France Info, acrescentando que, por outro lado, "se o teste for negativo apesar de uma forte suspeita de infecção, pode ser necessário ir mais longe".

Nestes casos, para além da lavagem broncoalveolar, o diagnóstico pode ser acompanhado por radiografias e tomografias dos pulmões.

Comentar