Questionado sobre os "problemas institucionais" no Brasil, o diplomata considerou que o general Braga Netto evidencia um "aspecto mais orgânico das Forças Armadas no governo e maior influência".
Além disso, o ex-ministro enfatizou à Sputnik Mundo que Bolsonaro não estaria perdendo o comando da Presidência, e que os boatos sobre Braga Netto não passam de informações mal interpretadas.
"A única influência que Bolsonaro estaria sofrendo seria na parte econômica, que tem a marca do ministro da Economia, Paulo Guedes, que até o momento, não sofreu a influência dos militares", afirmou.
Dessa maneira, deve-se ter cautela em dizer que Braga Netto seja o presidente operacional, "entretanto as outras partes do governo aparentemente querem uma grande coordenação no âmbito da saúde, transporte e infraestrutura".
Ou seja, essa influência estaria limitando e moderando as ações de Bolsonaro, entretanto, atualmente, Guedes e os militares estariam coordenando o governo.
Classe empresarial
A classe empresarial de Brasília está muito debilitada, que por sinal, estava ficando cada vez mais debilitada nos último quatro ou cinco anos.
Hoje, os apoiadores de Bolsonaro são supermercados, alguns produtores agrícolas e outras empresas que não têm força econômica no Brasil.
Ou seja, Bolsonaro não conta com o apoio das fortes associações empresariais capazes de "erguer" a economia brasileira, mas, sim, apenas com a classe média empresarial, explica Celso Amorim.
Invasão dos EUA na América do Sul
A ameaça de Washington contra Caracas e o desdobramento do Pentágono no Caribe provocam um temor de uma ação que afetaria gravemente a região.
"Há uma ameaça direta de invasão. Seria a primeira vez na América do Sul", advertiu o diplomata.
Assim que os EUA anunciaram um ambicioso desdobramento militar no Caribe sob o pretexto de uma operação antidrogas, os alarmes regionais foram acionados.
O diplomata também ressalta que o Brasil poderia apoiar uma invasão dos EUA, até porque já teria apoiado outros planos norte-americanos contra a Venezuela, citando o apoio do atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, que "apoiou o plano de Pompeo para a transição da Venezuela [...] Os militares são conservadores porém têm sentido comum".
Para Celso Amorim, diplomata e ex-ministro da Defesa do Brasil, a estratégia da Casa Branca "causa temor sobre uma ação de guerra".
"Provavelmente farão com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o mesmo que fizeram com Manuel Noriega no Panamá em 1989 [...] Seria a primeira invasão dos EUA na América do Sul e isso ficaria marcado por 100 anos", adicionou.
"Os EUA montaram o cenário das drogas porque não podem dizer que Maduro tem armas de destruição massiva", como mentiram com Saddam Hussein para justificar o bombardeio contra o Iraque, ironizou o diplomata brasileiro.