O confinamento tem sido eficaz para evitar a proliferação da COVID-19, o que leva as autoridades a manter as medidas em vigor, especialmente agora com a chegada do inverno.
"Achatar a curva" é o mantra que se repete desde 11 de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o coronavírus como pandemia. Dois dias depois, a Argentina tomou as primeiras medidas restritivas na América do Sul para proibir aglomerações e frear a chegada de aviões de regiões comprometidas.
No final do primeiro mês, as análises demonstram o êxito - ao menos provisório – na contenção da propagação do coronavírus quando se compara com os gráficos de países que registraram um crescimento exponencial de contágios.
Não foi em vão ficar em casa.
"Desde o primeiro caso, que foi confirmado em 3 de março, temos uma circulação viral comunitária, que não sobrecarrega o sistema de saúde. Este é o resultado de termos feito este isolamento rigoroso desde o começo", disse à Sputnik Mundo Ricardo Teijeiro, médico integrante da Sociedade Argentina de Infectologia.
O Isolamento Social Preventivo Obrigatório, ainda vigente, foi estabelecido a nível nacional em 20 de março, mais de três semanas atrás e, segundo as estimativas oficiais, o pico dos contágios deve ocorrer na segunda quinzena de maio.
"O que buscamos é que em nenhum momento tenhamos um crescimento exponencial, mas sim uma circulação viral controlada, com uma quantidade de casos graves que não ultrapasse a oferta do sistema sanitário", explicou Teijeiro.
'Não vamos poder relaxar durante todo o inverno'
"É muito difícil saber até quando vão durar as medidas de isolamento, vai depender de como vai evoluir a situação epidemiológica. Depois [as medidas de isolamento] serão flexibilizadas gradualmente, sempre pensando que os pacientes de maior risco, como idosos e doentes crônicos, serão os últimos que poderão recuperar suas atividades sociais normais", antecipou Teijeiro.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, confirmou em 11 de abril que a quarentena se estenderia até o dia 26 deste mês.
O país sul-americano está entrando no inverno, época em que se espera um acréscimo de contágios de outras infecções de transmissão comum, que podem, por um lado, elevar a saturação do sistema, por outro acelerar a propagação do vírus.
"Não podemos relaxar em nenhum momento durante todo o inverno, porque teremos uma alta circulação de todos os vírus e doenças respiratórias. Talvez, quanto termine a temporada, deixaremos a zona de risco, uma vez que [o vírus] não circulará fortemente, contudo, ainda não sabemos. Em alguns países do norte houve novos surtos, ainda que a taxa de ataque esteja caindo após três, quatro meses", disse o especialista.
As preocupações das autoridades estão voltadas aos bairros mais humildes e densamente povoados da região metropolitana de Buenos Aires, zona do país onde se concentra a maior quantidade de casos e mortos.
"O mais importante agora é ter a conduta e o compromisso, saber que o isolamento rigoroso é necessário. Não há dúvida que esta é uma medida de responsabilidade social e que depende de cada um de nós", finalizou.