A esta conclusão chegou uma equipe internacional de cientistas chineses, canadenses e australianos, depois de efetuada uma pesquisa exaustiva.
O estudo foi publicado em 15 de maio na revista Frontiers in Immunology e incide sobre um análogo sintético de uma das proteínas que são produzidas naturalmente pelas células do sistema imunológico para prevenir a multiplicação de vírus nas células infectadas e também induzir o sistema imunológico a combater ativamente os patógenos.
"Os interferons são a primeira linha de defesa do organismo contra qualquer tipo de vírus. Muitos patógenos, incluindo os coronavírus, aprenderam a bloquear sua ação. Nossos experimentos mostraram que a introdução de interferons sintéticos no corpo do paciente suprime esse efeito", afirmou Eleanor Fish, coautora do estudo e professora na Universidade de Toronto (Canadá).
Os cientistas referem o caso do imunomodulador sintético Interferon alfa-2b, que provou sua eficácia no combate às formas crônicas da hepatite C, bem como a certas formas de câncer do sangue e da pele.
Vale recordar que em março de 2020, após resultados encorajadores de experimentos em culturas celulares, médicos cubanos e norte-americanos começaram a verificar se o interferon ajudaria a tratar o novo tipo de coronavírus.
Experimentos em Wuhan
Eleanor Fish e seus colegas chineses iniciaram experimentos logo em janeiro de 2020, nas primeiras semanas da epidemia na China.
O estudo envolveu 77 voluntários, que foram admitidos em um hospital de Wuhan com uma forma moderada de COVID-19 e concordaram em ser tratados com um medicamento experimental.
Os pacientes foram divididos em vários grupos, alguns dos quais receberam Interferon alfa-2b e outros receberam placebos. Os médicos monitoraram constantemente o estado de saúde dos voluntários e a concentração de partículas virais em seus corpos.
Os cientistas constataram que se o SARS-CoV-2 normalmente permanece no corpo dos doentes durante cerca de 20 dias a partir do momento da infecção, com o Interferon alfa-2b sintético esse tempo foi reduzido em cerca de uma semana, quer em pacientes mais jovens quer também em pacientes mais velhos, que são particularmente suscetíveis à doença COVID-19.
Os pesquisadores referem, contudo, o fato que os resultados positivos desses experimentos ainda não foram verificados em um maior número de voluntários, bem como em pacientes que estejam sofrendo de formas mais severas da COVID-19.
Assim, os cientistas defendem que os resultados do estudo apontam para a necessidade de o Interferon alfa-2b dever ser mais profundamente investigado como terapia em casos de COVID-19.