A descoberta de diamantes em uma mina de ouro no extremo norte do Canadá preenche lacunas sobre as condições térmicas da crosta terrestre há três bilhões de anos, afirma uma pesquisa da Universidade de Alberta, Canadá.
Embora os diamantes encontrados sejam muito pequenos, menos de um milímetro de diâmetro, as implicações geológicas são imensas, garante Graham Pearson, pesquisador da universidade que lidera esse estudo, que será apresentado na conferência American Geophysical Union em dezembro.
Pearson afirma que devem ter existido tubos de quimberlito (rocha ígnea) para transportar os diamantes para a superfície da Terra há bilhões de anos. Os tubos de kimberlito são passagens que permitem que o magma faça erupção de diamantes, outras rochas e minerais do manto, através da crosta e na superfície da Terra.
A descoberta também vai ajudar a entender em que condições essas rochas peculiares de kimberlito podem se formar.
A equipe encontrou ainda um mineral que não é diamante em uma das amostras e uma nova teoria argumentando que os diamantes deveriam ser derivados de uma raiz litosférica pequena, profunda, mas fria, que é a parte mais espessa da placa continental começou a ser esboçada.
Diamantes encontrados com ouro no extremo norte do Canadá oferecem pistas sobre o início da história da Terra, e sugerem a possibilidade de novos depósitos em uma área semelhante à mina de ouro mais rica da Terra
"Isso é algo completamente inesperado do que pensávamos que eram as condições há três bilhões de anos na Terra", explica Pearson em comunicado.
O pesquisador afirma que diamantes estáveis existem apenas em partes frias do manto, então isso sugere que deve ter havido raízes frias muito profundas, talvez com 200 quilômetros de espessura, abaixo de partes do continente no início da história da Terra.
"Isso nos diz que há uma fonte mais antiga, uma fonte primária de diamantes que deve ter sido corroída para formar esse depósito de diamante e ouro", disse Pearson.
Novas minas de diamantes
"Os diamantes que encontramos até agora são pequenos e não [têm valor] econômico, mas ocorrem em sedimentos antigos que são um análogo exato do maior depósito de ouro do mundo, Witwatersrand Goldfields, na África do Sul, que já produziu mais de 40% do ouro minado na Terra", comenta o pesquisador.
"Fomos até lá em um hidroavião, arrancamos um pedaço de rocha com uma marreta e encontramos três diamantes […]. Essa é realmente uma das partes mais surpreendentes desta descoberta", comemora Pearson.
"Diamantes e ouro são companheiros muito estranhos. Quase nunca aparecem na mesma rocha, então esta nova descoberta pode ajudar a adoçar a atratividade da descoberta de ouro original se pudermos encontrar mais diamantes", acrescenta.
Encontrar novos depósitos de diamantes é fundamental para que o Canadá continue a hospedar uma indústria de mineração de diamantes que rende ao país US$ 2,5 bilhões (R$ 13,97 bilhões) por ano.