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Descoberta herança denisovana em traços faciais dos latino-americanos

Pesquisadores estudaram os genes de mais de 6.000 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Peru e Chile e encontraram uma região genômica que pode ser proveniente de hominídeos extintos.
Sputnik

Cientistas identificaram 32 regiões genômicas (áreas do genoma) em pessoas da América Latina que estão associadas com a formação de certas características anatômicas faciais, das quais uma se verificou ser herdada dos denisovanos, uma espécie extinta de hominídeos, segundo uma pesquisa publicada na revista Science Advances.

A base genética da formação das características faciais é de grande interesse prático para o evolucionismo, biomedicina e medicina forense. Uma ferramenta chave nestas pesquisas é o estudo de associação genômica (GWAS), ou seja, a associação entre fenótipos e genótipos. Neste caso, os cientistas estudaram os traços anatômicos faciais.

Pesquisadores de 13 países, liderados pela Universidade do Colégio de Londres, a Universidade Aberta do Reino Unido e a Universidade de Aix-Marseille, em França, realizaram um estudo da GWAS de 8,7 milhões de polimorfismos de um único nucleotídeo em 6.169 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Peru e Chile. Estima-se que seu patrimônio genético seja, em média, 51% europeu, 45% nativo-americano e 4% africano.

Os cientistas determinaram 19 pontos faciais e 22 pontos semilaterais nas fotografias bidimensionais dos perfis dos participantes, com os quais os cientistas procuraram associações no genoma.

No total, os pesquisadores apontaram a associação de 32 traços, por exemplo, altura da testa, comprimento do nariz, largura do lábio, com pelo menos uma (no máximo seis) das 32 regiões do genoma. Trata-se da primeira vez que a associação de nove dessas regiões com características faciais é encontrada.

Curiosamente, uma das regiões genômicas encontradas, a WARS2/TBX15, associada à forma dos lábios, sobrepõe-se a um fragmento de material genético introduzido por humanos arcaicos, muito provavelmente denisovanos.

Vestígios de seu DNA são encontrados em aborígenes americanos e nos habitantes da Oceania, mas não em europeus.

Segundo os pesquisadores, a variante denisovana do gene TBX15 poderia estar envolvida na formação de depósitos de gordura, que permitiram a adaptação desses antigos hominídeos ao clima frio siberiano, mesmo antes de sua transmissão para os humanos modernos.

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