Doença neurológica rara é associada à COVID-19 em 21 países, diz estudo

Cientistas descobrem nova doença ligada aos efeitos da infecção pelo coronavírus, e também a relacionam à vacina da AstraZeneca.
Sputnik

Vários efeitos pós-infecção pela COVID-19 vêm sendo relatados ao longo da disseminação do vírus, e em um novo estudo, se encontrou uma condição neurológica rara associada ao SARS-CoV-2 chamada mielite transversa aguda (MTA), que compreende uma inflamação da medula espinhal geradora de dor, paralisia e problemas sensoriais.

De acordo com o estudo publicado no jornal científico Frontiers in Immunology e realizado entre pesquisadores do Panamá e dos EUA, a MTA foi identificada em 21 países, somando 43 casos de adultos infectados com idades entre 21 e 73 anos, e também em três crianças, de três a 14 anos.

"Descobrimos que a MTA é uma complicação neurológica inesperadamente frequente do coronavírus. A maioria dos casos, 68% deles, teve uma latência de dez dias a seis semanas, o que pode indicar complicações neurológicas pós-infecciosas mediadas pela resposta do hospedeiro do vírus", escrevem os pesquisadores no artigo.

Nos 43 casos estudados, constatou-se que as lesões da medula espinhal causavam tetraplegia e paraplegia, além de outros problemas associados, incluindo a perda do controle da bexiga. A pesquisa foi realizada depois que um caso foi descoberto no Panamá.

Doença neurológica rara é associada à COVID-19 em 21 países, diz estudo

A MTA é conhecida por ser uma condição imunomediada, ou seja, sua causa primária não é clara, porém, os médicos sabem que há um envolvimento do nosso sistema imunológico e processos inflamatórios na doença. Essas áreas são bastante atingidas pelo SARS- CoV-2, e assim, poderiam levar à mielite transversa aguda.

Além dos casos da doença relacionados a pacientes infectados, os pesquisadores também observaram que ocorreram três casos de MTA em pessoas inoculadas com as vacinas da AstraZeneca

"A patogênese da MTA permanece desconhecida, mas é concebível que os antígenos SARS-CoV-2, talvez também presentes na vacina AZD1222 COVID-19 [AstraZeneca], ou em seu adenovírus adjuvante de chimpanzé, possam induzir mecanismos imunológicos que levam à mielite", segundo os cientistas.

Estudos adicionais vão ajudar a encontrar mais respostas sobre a questão, mas a descoberta do efeito da MTA no corpo pós-infecção pelo coronavírus é outro lembrete de que ainda estamos muito longe de entender tudo o que esse vírus traz consigo, e como é importante, mesmo tendo recebido a vacina, respeitarmos as medidas preventivas.

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