Um grupo de cientistas concluiu que as pequenas partículas de rocha do asteroide Ryugu, coletadas por uma sonda japonesa, são alguns dos materiais "mais primitivos" jamais analisados em nosso planeta, segundo estudo publicado na revista Nature Astronomy.
O corpo celeste mede aproximadamente 900 metros de diâmetro e orbita o Sol entre a Terra e Marte, cruzando às vezes a órbita de nosso planeta.
Os especialistas acreditam que este asteroide rico em carbono provavelmente contém material da nebulosa que deu origem ao Sol e seus planetas há bilhões de anos.
Há dois anos, a sonda japonesa Hayabusa2 coletou amostras da superfície de Ryugu, que em dezembro de 2020 foram transportadas com êxito à Terra em um recipiente hermético que viajou dentro de uma cápsula, tendo os resultados das análises destes fragmentos sido revelados apenas agora.
"Estamos apenas no começo de nossas pesquisas, porém nossos resultados sugerem que estas amostras se encontram entre o material mais primitivo disponível em nossos laboratórios", explicou Cédric Pilorget, professor assistente do Instituto de Astrofísica Espacial da Universidade Paris-Saclay e autor principal da pesquisa.
As amostras do asteroide, cuja idade exata é desconhecida, incluem aproximadamente 5,4 gramas de material.
As partículas de rocha maiores medem aproximadamente oito milímetros de diâmetro, parecendo "pedaços, incrivelmente escuros de pimenta negra", assegurou Toru Yada, pesquisador da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial e autor principal de outra pesquisa relacionada às amostras.
Yada e sua equipe descobriram que a densidade aparente das amostras é menor que a dos meteoritos ricos em carbono conhecidos. A rocha parece ser muito porosa, o que significa que nos grãos individuais de material existem muitas lacunas que permitiriam que a água e o gás fossem filtrados.
Uma primeira olhada terrestre nas amostras do asteroide Ryugu coletadas pela Habayusa2.
Por sua vez, Pilorget e sua equipe usaram uma técnica de microscopia hiperespectral para observar mais de perto a composição das amostras do Ryugu e registrar fotografias de alta resolução.
As fotografias revelaram que as partículas da rocha são compostas por uma "matriz hidratada" que inclui materiais como argila, com compostos à base de carbono incorporados.
O astrofísico francês afirmou que as amostras do asteroide se encontram entre as mais escuras já analisadas.
"Temos que entender o porquê e o que implica este material para a formação e a evolução" do Sistema Solar, afirmou, detalhando que também descobriram vestígios de compostos ricos em amônia, o que "poderia ter certas implicações relacionadas à origem de Ryugu e à nossa compreensão do material primitivo".
Estas análises iniciais representam o primeiro passo para descobrir o que o asteroide pode nos dizer sobre o Sistema Solar primitivo.