A Rússia é fonte de um nível "persistentemente elevado" de ameaças de inteligência, afirmou no domingo (26) Nils Stensones, diretor do Serviço de Inteligência da Noruega.
Stensones disse à emissora NRK que a China também está ativa no espaço digital, mas que a Rússia tem os interesses mais específicos. Segundo ele, a Rússia está interessada acima de tudo na política externa, política de segurança e conhecimento tecnológico da Noruega.
"As companhias norueguesas na indústria marítima e tecnologia subaquática também estão muito expostas à espionagem", continuou. Segundo ele, a Noruega e outros países responderam a tais ataques, mas as fugas de informações não pararam, não havendo alterações em seus padrões e intensidade.
As empresas que possuem tecnologia especial e inacessível são as mais procuradas por hackers estrangeiros, de acordo com o diretor do Serviço de Inteligência da Noruega.
"É uma competição contínua entre como eles desenvolvem suas capacidades de inteligência e a capacidade da nação de proteger seus sistemas", crê ele.
Em resposta à NRK, a embaixada da Rússia rejeitou as declarações.
"As acusações acima mencionadas não são surpreendentes, mas tendo em conta a falta de fatos concretos são apenas um conjunto de clichés desgastados. A realidade é que, na relação entre a Rússia e a Noruega em anos recentes, apenas um caso de espionagem foi provado em tribunal, e a pessoa em questão tinha cidadania norueguesa", apontou, citando o caso de Frode Berg, um inspetor fronteiriço aposentado, defensor de relações bilaterais amistosas e que exortou usar canais oficiais para resolver disputas.
Berg defendeu posteriormente ter sido incriminado falsamente por serviços de segurança da Noruega e até recebeu indenização do governo, o que foi interpretado como um reconhecimento tácito das acusações.
Em agosto de 2020 o Parlamento da Noruega foi vítima de um grande ataque informático, com os e-mails dos parlamentares expostos para obter informação deles. Ine Soreide, então ministra das Relações Exteriores, acusou a Rússia de realizar a ação, com a última negando responsabilidade categoricamente.
As relações russo-norueguesas, que remontam há centenas de anos e têm sido positivas e pacíficas na maior parte das vezes, se deterioraram nos últimos anos em meio ao rearmamento militar, intercepções de caças, acusações mútuas de espionagem e um tom geral mais negativo.