Ontem (20), o presidente, Jair Bolsonaro (PL), discursou na 77ª edição da Assembleia-Geral da ONU em Nova York e foi o primeiro a abrir o evento (como é o costume do Brasil há 67 anos). Antes do discurso, o presidente tinha uma reunião privada com o secretário-geral da ONU, António Guterres, mas a reunião não aconteceu por: falta de carro.
De acordo com o jornal O Globo, a saída de Bolsonaro do hotel estava prevista para 08h20 (09h20 do horário de Brasília) para que chegasse pontualmente na reunião às 08h40. Porém, ao deixar o prédio, o presidente foi surpreendido duas vezes: além de cerca de 40 apoiadores eufóricos embarreirando sua passagem, não havia nenhum automóvel disponível para levá-lo ao evento.
Apesar da rua atrás do hotel estar parcialmente fechada e contar com forte presença de pessoal e de carros do serviço secreto, não tinha nenhum automóvel para levar o chefe de Estado brasileiro.
20 de setembro 2022, 19:54
Quando já eram quase 09h00, o mandatário decidiu caminhar até encontrar um veículo disponível, e, depois de pouco mais de 5 minutos de caminhada, finalmente conseguiu um carro para se locomover para a abertura da Assembleia.
No entanto, o horário marcado com Guterres (que era às 08h40) já havia passado e quando Bolsonaro chegou ao prédio da ONU os dois acabaram posando apenas para foto sem concretizarem uma reunião formal.
Jair Bolsonaro e António Guterres posam para foto durante a 77ª Assembleia-Geral da ONU, Nova York, EUA, 20 de setembro de 2022
© Foto / Alan Santos
Além disso, a primeira-dama, Michelle; o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); o coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro à reeleição, Fabio Wajngarten; e o ministro das Comunicações, Fábio Faria; que faziam parte da comitiva brasileira, estavam atrasados para os compromissos na ONU.
O ocorrido gerou tensões entre integrantes do Planalto e o do Itamaraty, segundo a mídia. Enquanto o Itamaraty alega que o problema com a suposta disponibilidade dos carros é competência apenas do serviço secreto, membros do governo afirmam que na viagem anterior do presidente, para o enterro da rainha Elizabeth II em Londres, o mesmo tipo de incidente acontecia com frequência.
"Parece que o Itamaraty está decidindo simplesmente jogar contra o governo; o cerimonial do Itamaraty é deplorável", disse uma fonte sob sigilo ao jornal.
Já outros membros do governo alegam que o comitê de campanha de reeleição tenta reduzir os gastos das viagens presidenciais às vésperas das eleições, mas "os membros do MRE só estão preocupados com qual vinho branco ou tinto eles irão tomar, enquanto o presidente come pizza e pastel".
A mídia relata que depois do incidente, o esquema armado durante a tarde para a saída do presidente e da primeira-dama para o aeroporto JFK sofreu algumas alterações visíveis. Além de um maior número de presença policial e de maior contingente também do serviço secreto, Jair Bolsonaro só deixou o saguão do hotel quando seu carro já estava pronto para a sua partida.