Ásia adquire cada vez mais um papel central no desenvolvimento econômico da América Latina, consolidando-se como um destino estratégico para as suas exportações e um dos principais parceiros comerciais.
A Coreia do Sul negocia desde 2018 um tratado de livre comércio com o Mercosul – bloco comercial composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – e nos últimos anos tem tido contatos permanentes com os governos desses países para tentar acelerar o acordo.
Em conversa com a Sputnik, a analista argentina Florencia Rubiolo considera que a crescente relação comercial entre ambas as regiões "tem a ver menos com fatores ideológicos ou políticos do que com fatores econômicos" e que se fortalece para além dos EUA continuarem exercendo um papel importante na região, como segundo parceiro comercial da maioria dos países.
Rubiolo, que é pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (CONICET, na sigla em espanhol) e integrante da rede Argentina de Profissionais para a Política Exterior, indicou que, além da China, o comércio se dá entre a América Latina e os países do Sudeste Asiático.
"China é para a grande maioria dos países o principal parceiro comercial, com exceções de México e Argentina, que continuam tendo como principal parceiro comercial o Brasil", explicou ela, lembrando que em 2021 a China recebeu 14% das exportações latino-americanas e enviou 21% das importações totais da região.
Rubiolo destaca também os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). "Tem cerca 600 milhões de habitantes e para muitos países da América Latina é um mercado estratégico", salientou a especialista.
A relação com a Ásia não é igual para os países do cone sul da América do Sul e para os da América Central, ou mesmo o México. É que os países do sul como Argentina, Brasil, Chile ou Uruguai baseiam seu vínculo com a Ásia em sua "altíssima concentração de commodities, hidrocarbonetos ou agroalimentos".
Enquanto o Chile baseia seu intercâmbio no cobre e o Brasil no petróleo e soja, Argentina e Uruguai complementam os derivados de soja com uma crescente exportação de carne. Por outro lado, o México, "não tem uma importante produção primária como a América do Sul e compete com a China na produção de bens intermédios", acrescentou Rubiolo.
Além disso, Coreia do Sul e Japão também procuram ser influentes na relação com a América Latina e mantêm fortes vínculos especialmente com o Brasil e o Chile. No entanto, esses países asiáticos continuam tendo "altas tarifas aduaneiras sobre as importações agrícolas", o que diminui o seu peso na balança.