"O conteúdo da nova doutrina nuclear, publicada nos EUA em 2 de fevereiro, provocou nossa profunda desilusão. Logo à primeira vista saltam aos olhos o grau de confrontação e o caráter antirrusso deste documento. Infelizmente, estamos obrigados a constatar que os EUA justificam sua política de desenvolvimento nuclear em grandes proporções pelas referências à modernização russa das forças nucleares e ao alegado aumento do papel das armas nucleares das doutrinas russas. Acusam-nos de baixar o limite de uso dos armamentos nucleares e algumas 'estratégias agressivas", lê-se no comunicado da chancelaria.
Para o ministério russo, Washington está pondo em questão o direito à autodefesa da Rússia em situações críticas do ponto de vista da existência de Estado.
"Recentemente, tais lugares-comuns sem fundamento têm sido usados por Washington sem pausas. Consideramos isto como uma tentativa pouco conscienciosa de atribuir aos outros sua própria responsabilidade pela degradação da situação no campo da segurança internacional e regional e o desequilíbrio dos mecanismos de controle das armas, que foi precisamente o resultado de uma série de passos irresponsáveis por parte dos EUA", resume a entidade diplomática russa na sua mensagem.
O comunicado da chancelaria russa destaca a preocupação do país com a abordagem norte-americana do uso das armas nucleares que, em opinião de Moscou, "não se limita apenas a cenários de guerra".
"Claro que teremos que tomar em consideração as abordagens adotadas por Washington e empreender as medidas necessárias para garantir nossa própria segurança", publicou o ministério.
Nesta sexta-feira (2), o Pentágono publicou sua nova doutrina nuclear, onde prestou muita atenção ao desenvolvimento das forças nucleares russas. Entre outras ameaças possíveis à sua segurança nacional os EUA enumeraram a Coreia do Norte, o Irã e a China.
A entidade militar estadunidense anunciou que seus esforços se focariam na produção de ogivas nucleares de baixa potência.
Ademais, a doutrina diz que o Pentágono continuará gastando meios com a modernização das forças nucleares e o desenvolvimento dos elementos da "tríade nuclear" (mísseis intercontinentais e submarinos e bombardeiros estratégicos). Enquanto isso, frisa-se que em geral os EUA estão a favor da redução das armas nucleares, mas criticam o acordo apresentado na ONU sobre a sua proibição completa, pois este não corresponde à agenda atual.