Quais são as razões reais dos ataques aéreos de Israel contra Síria?

© AFP 2023 / JALAA MAREYSoldados israelenses realizam exercícios na parte setentrional das Colinas de Golã, 13 de setembro de 2016
Soldados israelenses realizam exercícios na parte setentrional das Colinas de Golã, 13 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
Nos siga no
As razões publicamente declaradas pelas autoridades israelenses não são o motivo real da escalada dos ataques aéreos israelenses e operações de combate terrestre na Síria, afirmou o historiador e periodista norte-americano Gareth Porter, em seu artigo no portal Antiwar.

Em 10 de fevereiro, as Forças de Defesa de Israel (IDF) levaram a cabo uma das operações mais agressivas de sempre na Síria. Através de bombardeamento de vários "alvos iranianos" em resposta a uma suposta incursão de um drone iraniano, Israel retaliou e, após o derrube de um dos seus aviões de combate, atacou 12 alvos, incluindo três sistemas antiaéreos e "quatro instalações que fazem parte da presença do Irã na Síria".

Porter lembrou que Israel tem estado preparando o terreno político para uma escalada militar na Síria desde meados de 2017. Nessa altura, as autoridades israelenses começaram a repetir dois temas políticos relacionados entre si: que se deve impedir que o Irã estabeleça bases permanentes e implante as suas forças nas Colinas de Golã sírias, e que o Irã construa fábricas secretas na Síria e no Líbano para fornecer ao Hezbollah mísseis de precisão.

Caminhão militar levando míssil iraniano Sejil durante o desfile militar em Teerã, 21 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
Israel diz que impedirá construção de fábricas de mísseis iranianos na Síria e no Líbano
Entretanto, o autor observa que não há prova alguma de que haja fábricas de armas iranianas no Líbano ou na Síria.

O analista está certo de que estes pretextos não têm nada a ver com as razões reais da escalada dos ataques israelenses na Síria.

"As razões declaradas publicamente pelas autoridades israelenses não são o motivo real da escalada dos ataques aéreos israelenses e operações de combate terrestre na Síria", sublinhou ele.

Segundo o analista, Israel teme que os movimentos recentes na Síria ameacem a ocupação israelense nas Colinas de Golã. Gadi Eizenkot, chefe do Estado-Maior das IDF, declarou em janeiro que Israel "não pode ignorar o fato de que o Hezbollah, as milícias xiitas e o Irã se consideram vencedores na Síria, juntamente com Bashar Assad [presidente sírio], e partilham o desejo de retornar às Colinas de Golã".

Soldados israelenses junto de unidades de artilharia móvel perto da fronteira com a Síria - Sputnik Brasil
Israel promete impedir presença militar do Irã na Síria
"As autoridades israelenses expressaram sua intenção de estabelecer o controle sobre a chamada 'zona segura', que cobre grande parte das Colinas de Golã sírias. Sem dúvida, essa zona exigirá um número crescente de operações militares israelenses para fazer retroceder os sírios e xiitas nessa zona", comentou Porter.

Além disso, "as ambições israelenses não se limitam às Colinas de Golã sírias", acrescentou ele. A IDF está determinada a penetrar mais profundamente na Síria para limitar as ações do Irã e do Hezbollah.

Segundo Eizenkot, o objetivo militar de longo prazo é “empurrar os iranianos de volta ao Irã”. Mais concretamente, as autoridades israelenses se comprometeram a impedir que o Irã estabeleça um corredor terrestre conectando Teerã com o Líbano e Mediterrâneo através do Iraque e da Síria, explicou o jornalista.

Exército de Israel - Sputnik Brasil
Irã x Israel: guerra entre inimigos é improvável, mas Trump cria grande interrogação
Esse objetivo já levou a pelo menos 100 ataques aéreos israelenses contra centenas de alvos na Síria desde janeiro de 2013, sublinhou o autor.

De acordo com o especialista, "os altos funcionários israelenses se recusam a reconhecer que o objetivo do Irã de desenvolver e melhorar a potência dos mísseis do Hezbollah está sempre relacionado com a dissuasão de um ataque militar de Israel ou dos EUA contra o Irã ou de um ataque israelense contra o Hezbollah". Segundo Porter, as autoridades iranianas começaram a fornecer mísseis ao Hezbollah para reforçar a sua própria capacidade de dissuasão.

"Embora Israel nunca o admita oficialmente, o Hezbollah estabeleceu uma paz relativamente estável com Israel durante mais de uma década, construindo um arsenal de mísseis potente”, opinou o autor.

Ele citou Seth Cropsey, do Instituto Hudson, que reconhece que "o Hezbollah é a única força que enfrenta Israel e que provoca um impasse operacional e estratégico com as FDI".

A guerra que Israel está planejando na Síria é, pelo menos em parte, uma resposta à sua incapacidade de utilizar a força contra o Hezbollah no Líbano, concluiu ele.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала