Segundo a representação comercial dos EUA, trata-se da suspensão — e não da cessação — das isenções aplicadas ao país africano, porque isso “permitiria continuar a cooperação entre os EUA e o Ruanda, com o objetivo de restabelecer o acesso a ambos os mercados".
Quanto a outros países da África Oriental, como o Uganda e a Tanzânia, os EUA também "se comprometeram a não proibir" a compra de roupa usada.
O Ruanda, por sua vez, afirmou que a suspensão dos benefícios da Lei de Crescimento e Oportunidades para a África (AGOA, na sigla em inglês) é uma decisão dos EUA.
Segundo Linda Mukangonga, fundadora da casa de moda ruandesa Haute Baso, que exporta alguns de seus produtos, a iniciativa de Trump é positiva. Para ela, a suspensão das importações de roupas usadas dos EUA permitirá que as empresas africanas se concentrem mais no mercado local.
No que respeita aos investimentos chineses na indústria africana, eles também podem contribuir para o aumento da autossuficiência das empresas da África Oriental e promover o emprego na região.
O continente africano tenciona restaurar a sua indústria têxtil — que foi quase totalmente destruída após décadas de crise, instabilidade política e dependência de produtos básicos — e se tornar uma "fábrica têxtil mundial".
Atualmente, as exportações de roupa fabricada na África chegam a 2,5 bilhões de dólares por ano (R$ 8,3 bilhões). Para defender a indústria nacional e satisfazer a demanda, os países africanos devem tomar em conta o impacto econômico do mercado de roupa usada no continente.
Por outro lado, a proibição de roupa usada poderia fomentar o contrabando e a evasão fiscal, já que este comércio constitui uma importante fonte de receitas públicas. Isso significaria a perda de entre 219 mil e 335 mil postos de trabalho, explicou o portal.
Segundo alguns especialistas, "o protecionismo inteligente" permitirá às autoridades "mitigar o golpe" tanto para os produtores como para consumidores. Além disso, beneficiaria a produção local a longo prazo.
"A proibição total e repentina poderia levar a uma crise", afirma o designer queniano Sunny Dolat.