A ameaça velada aconteceu em uma reunião de gabinete em Washington na quinta-feira, que contou com a presença do secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.
"Nós temos alguns que não [fornecem uma contribuição suficiente para a OTAN] e, bem, eles serão enquadrados", afirmou Trump, conforme citado pela Agência Reuters. Berlim, em particular, "não contribuiu com o que deveria estar contribuindo e é um grande beneficiário", disse ele a Stoltenberg.
"A Alemanha deve demonstrar liderança na aliança, abordando o seu déficit de longa data nas contribuições de defesa", acrescentou o líder dos EUA.
Stoltenberg elogiou Trump por sua pressão sobre os membros do bloco para aumentar seus gastos com defesa, dizendo que tal política já havia "ajudado a fazer a diferença".
"Isso está afetando os aliados porque agora todos os aliados estão aumentando os gastos com defesa. Nenhum aliado está cortando mais seus orçamentos", comentou o chefe da OTAN.
No entanto, nem todos estão dispostos ou são capazes de ampliar seus orçamentos de defesa para o nível "mínimo" de 2% do produto interno bruto até 2025, conforme exigido por Trump.
A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, disse na segunda-feira que o país só aumentará seus gastos militares em 1,5% nos próximos sete anos. Von der Leyen disse que o dinheiro não deveria ser o principal critério e observou que a Alemanha continua sendo o segundo maior contribuinte de mão-de-obra para a OTAN.
A declaração foi um tanto surpreendente, pois foi feita poucas horas depois que a chanceler Angela Merkel prometeu que a Alemanha manteria sua promessa de 2% para a aliança.
"Estamos ansiosos para que o governo alemão traga um plano confiável para a cúpula da OTAN em julho, mostrando como cumprirá sua promessa de gastar 2% do PIB em defesa", disse Richard Grenell, novo embaixador dos EUA na Alemanha, em resposta por e-mail na quinta feira.
As relações entre os EUA e a Alemanha estão atualmente prejudicadas por várias questões além dos gastos com defesa. Berlim está liderando a resistência da UE às tarifas norte-americanas em aço e alumínio, enquanto Washington está pressionando a Alemanha a desistir da construção do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) a partir da Rússia.
A retirada americana do acordo nuclear iraniano também foi condenada pela liderança alemã. "Não é mais o caso de os EUA simplesmente nos protegerem. A Europa precisa tomar seu destino em suas próprias mãos", pontuou Merkel logo após a decisão de Trump de retirar-se do acordo histórico, que é universalmente apoiado na UE.
Trump criticou a OTAN durante sua campanha pela Casa Branca, repetidamente chamando o bloco de "obsoleto" e muito caro para os contribuintes americanos manterem. No entanto, depois de assumir o cargo, o líder dos EUA fez uma reviravolta em seus pontos de vista, prometendo total apoio americano à aliança.
"Eu disse que era obsoleto. Já não é obsoleto", disse ele, alegando que a OTAN mudou desde então para "combater o terrorismo", tal como ele queria.