Esse total, que equivale à taxa de 30,3 mortes por 100 mil habitantes, representa um trágico recorde histórico, e a constatação de que o país tem 30 vezes mais homicídios que a Europa. Segundo aponta o Atlas, uma espécie de racismo faz com que a taxa de homicídios de negros tenha sido 2,5 vezes superior à de não negros.
Ela apontou um gradual aumento dos homicídios no país na última década. Apesar de experiências positivas em alguns estados, a taxa cresceu na maioria das entidades da Federação. E o perfil da vítima persiste. São jovens homens negros de baixa escolaridade.
"O atlas mostra que o perfil se mantém, inclusive prevalecendo a arma de fogo como o meio empregado em mais de 70% dos casos", confirmou a entrevistada.
Segundo ela, faltam políticas públicas e mesmo o reconhecimento da desigualdade e da vulnerabilidade das populações jovem, negra.
"O diagnóstico está dado. As taxas são muito maiores para jovens, para homens, e para a população negra", afirmou.
A especialista acrescentou que os indicadores sociais demonstram que a população negra é mais afetada também no que diz respeito ao acesso à saúde, educação e distribuição de renda. A maior vulnerabilidade seria um reflexo de uma condição geral, de um problema social.
A situação das mulheres negras também segue a mesma tendência.
"Entre os brancos houve uma redução da taxa de homicídios. E entre os negros, inclusive as mulheres negras, houve um aumento".
"Numericamente, comparando ao universo dos homens elas são menos atingidas. Foram 4645 mortes, bem menos do que homens. Mas as negras são mais vitimadas, com elevação do número de casos", explicou a interlocutora da agência Sputnik.
"O fator demográfico. Uma redução da porcentagem de jovens na população. Isso foi estudado em diferentes países, como um dos fatores que reduz os homicídios", explicou.
Esse conjunto ajuda a explicar as modificações, mas não há estudos conclusivos sobre o tema ainda.