O Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica está preparado para fechar o estreito de Ormuz, que liga o golfo de Omã e o golfo Pérsico, para impedir o transporte de petróleo a outros países, declarou o vice-comandante da base militar de Sarollah, Ismail Kowsari.
Ele disse à agência YJC: "Se as exportações do petróleo iraniano forem restringidas, não vamos permitir o transporte de petróleo a outros países através do estreito de Ormuz", notando que por essa região passam 20% de todo o transporte de petróleo do mundo.
Porém, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, opina que esse intuito dos EUA é irrealista e não passa de um mero palavrório "que nunca será realizado".
Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o especialista Aleksei Panin supôs se o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica poderá cumprir a sua ameaça e o que iria acontecer nesse caso.
"É uma declaração bastante séria. O Irã em princípio pode se considerar parte ofendida no caso do acordo nuclear, porque os EUA saíram dele unilateralmente e agora dizem que o acordo não era muito bom, vamos fazer um novo. Falar com o Irã a partir de uma posição de força é uma má ideia. Obviamente, o preço neste caso deverá aumentar muito, porque as partes que compram o petróleo vão esperar por seu déficit. Para quem vende esse petróleo, isso é vantajoso. Mas aqui se podem enganar a eles mesmos — nesta situação não podem ser calculadas todas as consequências. Se na região ocorrer um conflito armado, o efeito negativo de tal confronto será mais importante que o efeito positivo para qualquer país em relação ao preço do petróleo. Se alguém, em busca de vantagem, provocar um conflito de tal escala, só se pode ter pena dessa pessoa ou governo", disse Panin.
"O fechamento do estreito de Ormuz levaria a uma crise energética mundial e a um crescimento de preços descontrolado. Nesse caso poderíamos indicar qualquer preço — 200 dólares por barril [781 reais], ou 400 dólares [1.560 reais]. Mas isso se tornaria quase uma declaração de 'guerra' por parte do Irã a todos os países que exportam petróleo através do estreito e a todos os importadores principais, quer dizer, os EUA, a Europa e a China", ressaltou.
Ele lembrou que de vez em quando o Irã faz tais declarações e continua: "Mas um bloqueio do estreito real seria para o Irã um 'suicídio'."
O analista explica que através desse estreito é transportado todo o petróleo do Irã, Kuwait, Qatar, EAU e maior parte do da Arábia Saudita e Iraque. No total, 20% do petróleo exportado passam através do estreito de Ormuz, e não há boas alternativas a essa via.