A colônia estava no acervo do Museu Nacional desde a década de 1950, mas após suspeita do professor e biólogo marinho Clovis Castro de que a coleta da peça foi realizada durante uma expedição ligada ao naturalista canadense Charles Hartt, entre 1865 e 1876, o coral pôde ser datado por meio de métodos de alta tecnologia nos EUA e o resultado acaba de confirmar isso.
"A gente conhece os corais pela sua importância ecológica. Todo mundo conhece os corais pela sua beleza e importância no ambiente marinho. Mas, além disso, os corais retratam tudo que ocorre na coluna d'água, todas as modificações oceanográficas, biológicas e relacionadas ao clima, explicou o geocientista.
"Nós temos um projeto de pesquisa no qual estudamos como os corais podem ser úteis para descrever os oceanos do passado. O acervo que temos atualmente permite que analisemos somente os últimos 100 anos, o que já é um dado extraordinário", explica.
Heitor Evangelista conta que a nova peça encontrada no Museu Nacional foi datada com técnicas muito sofisticadas nos Estados Unidos. "Isso permitiu que nós pudéssemos avaliar que essas amostras coletadas no período do Império datavam do final do século XIX, isso significa dizer que nós passamos a ter agora um material do qual a gente pode alongar no passado o nosso conhecimento sobre o oceano", informa.
O especialista explica que essas colônias de corais crescem anualmente e o esqueleto do coral vai preservando características do oceano, como, por exemplo, a temperatura do oceano no passado, a quantidade de luz que chega no oceano no passado, a quantidade de nutrientes da coluna d'água.
"Tudo vai sendo guardado no esqueleto do coral […] Com a amostra da expedição Hartt, a gente vai poder não só ter uma avaliação do século XX, mas também uma avaliação do século XIX, e poder avaliar antes, durante e depois da era industrial. Então esse é um dado novo e extraordinário para o nosso conhecimento", destacou o geocientista.