Para os especialistas entrevistados pela Sputnik Persa, os problemas econômicos do Irã foram provocados, em parte, pela interferência externa nos assuntos iranianos.
"A República Islâmica do Irã consegui transformar a sua economia, não a ligando apenas às receitas da venda de petróleo. Por isso a eficácia da influência externa sobre o Irã, em particular contra sua economia, poderia ser avaliada em 20%. O Irã começou a usar o euro, bem como as divisas nacionais de outros países (real, rublo, lira turca) nos pagamentos, livrando assim sua economia da pressão do dólar norte-americano", explicou o especialista.
Segundo Zanganeh, as declarações de Netanyahu fazem parte de uma pressão psicológica contra o Irã que visa fortalecer os interesses dos EUA, seus aliados principais na região.
"Benjamin Netanyahu não deveria falar sobre a pressão econômica 'grave' sobre o Irã, mas responder por seus próprios crimes econômicos: corrupção, trapaça e abuso de confiança", declarou ele.
"Hoje em dia em Israel declara que o Irã está atravessando uma situação econômica muito grave […] Que o país está à beira de colapsar. Acho que a situação não é tão difícil como é descrita em Israel", disse ele.
Nos últimos 40 anos o Irã tem sofrido sanções econômicas. Por várias décadas o país não tinha relações econômicas devido ao boicote bancário, ao isolamento do sistema de pagamentos bancários internacionais SWIFT. Entretanto o Irã, tal como a Rússia e, anteriormente, a União Soviética, tenta adaptar-se às sanções.
"Todos esses fatores levaram a uma situação econômica e social difícil. As manifestações incessantes no Irã, que começaram em dezembro de 2017, revelam que a maioria do povo iraniano está preocupado não apenas com a política interna do país, mas também com a externa. Essas manifestações foram acompanhadas por slogans 'Fora a presença iraniana dos países vizinhos!', 'Não precisamos de Gaza, achamos que vivemos no Irã'. Houve também slogans que apelavam à diminuição da presença militar iraniana na Síria […] O dinheiro encaminhado à ajuda para Gaza e Síria é dinheiro que poderiam ser canalizados ao abastecimento das necessidades econômicas internas do Irã. É o fardo que carrega o Irã por não ter realizado seus programas econômicos", opinou Mesamed.
Para o especialista, tanto os fatores internos, como os externos contribuíram para o agravamento da situação econômica no país. Se os países ocidentais não tivessem adotado as sanções contra Teerã, o Irã não estaria atravessando dificuldades sociais e financeiras tão graves como as de hoje.