Nos últimos tempos, Duterte não tem manifestado muito suas críticas à China, fazendo todo o possível para desenvolver relações mais estreitas com Pequim. Entretanto, ele é conhecido por ser um político imprevisível, que frequentemente faz várias declarações chocantes e depois as rejeita. Agora, a Sputnik China tenta esclarecer, com ajuda de analistas, até que ponto as avaliações dele da situação com a China refletem uma verdadeira mudança na política das Filipinas.
Segundo o especialista chinês em problemas internacionais Shen Shishun, as relações entre a China e as Filipinas não mudaram.
"Na questão do mar do Sul da China as Filipinas escolheram a cooperação com Pequim, e não a confrontação. A posição das Filipinas sobre a resolução das disputas é inabalável. Quanto às declarações de Duterte, às vezes ele precisa de reforçar seu prestígio dentro do país, por isso ele pode declarar algo de contrário à posição da China. É possível entender isso. Duterte é o presidente das Filipinas, nessa qualidade ele deve levar em conta os interesses nacionais, não pode defender completamente a posição chinesa. Porém, as Filipinas continuam a não querer uma confrontação com a China. Desse ponto de vista, declarações isoladas não podem influenciar a cooperação filipino-chinesa em geral."
Provavelmente, algumas frases mais duras, em comparação com anteriores, estão ligadas à crítica crescente do presidente dentro do país. Isso acontece em conjunto com a instabilidade do sistema político em geral — não se sabe se Duterte se vai retirar antes do vencimento do seu mandato em 2022 e quem será o seu sucessor neste caso. Ele é criticado também por alegadamente sacrificar a soberania do país para receber créditos e armamento de Pequim.
Que papel poderá desempenhar o fator americano nesta situação? Muitos especialistas assinalam que os EUA, intensificando seu patrulhamento nas regiões contestadas, procuram fazer passar o conflito para a fase aguda e dificultar a realização dos últimos acordos entre os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático sobre o código de comportamento no mar do Sul da China. Qual será a reação da China?
"A China e os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático são países da região do mar do Sul da China. A confiança mútua entre eles está se reforçando, a cooperação está se aprofundando, eles defendem em conjunto a paz e estabilidade na região. Em tal situação, se algumas potências de fora da região o quiserem impedir, os esforços delas serão inúteis. Se os EUA aumentarem constantemente a sua atividade na região, isso causará a inquietação dos países vizinhos, isso obrigará a China a reforçar a vigilância. A China prestará mais atenção ao aumento da sua capacidade defensiva. Ou seja, se você tem um inimigo que sempre causa problemas, a sua própria vigilância e capacidade defensiva se reforçam naturalmente. Numa palavra, há males que vêm para o bem", comenta com ironia o especialista chinês, Shen Shishun.