No início de maio, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a saída dos EUA do acordo iraniano, restabelecendo sanções contra o país por acreditar que problema nuclear iraniano não atingiu progresso algum. A saída dos EUA chocou muitos países, até mesmo principais aliados dos EUA na Europa.
É possível entender a frustração da Europa: cerca de 40% da exportação de hidrocarboneto é do mercado europeu, mas o Irã é terceiro país de maiores reservas de petróleo no mundo — 18,8 bilhões de toneladas. Além disso, segundo as avaliações da Reuters, os investimentos da União Europeia nos projetos iranianos desde 2016 constituíram mais de 20 bilhões de dólares.
A maioria dos países ainda não elaborou um posicionamento final sobre a questão, mas de fato, muitas empresas acataram a exigência dos EUA. Assim, ficou quase impossível assegurar fornecimento do petróleo do Irã por causa da recusa da maioria das seguradoras.
Daí entra a decisão chinesa de transportar petróleo para seu território em navios-petroleiros iranianos. As compradoras chinesas de petróleo Zhuhai Zhenrong Corp e Sinopec Group utilizaram uma das disposições de acordo de fornecimento com a petrolífera estatal iraniana National Iranian Oil Corp (NIOC, na sigla em inglês) que permite em certas condições usar navios-petroleiros iranianos. Agora, o Irã pagará todas as despesas e riscos de transporte do petróleo.
Por outro lado, em se tratando da guerra comercial com os EUA, o perigo de sanções pode não ser tão significativo em comparação com a possibilidade de diversificar fornecedores do produto. Além disso, sendo um dos maiores consumidores do petróleo do mundo, incluindo petróleo xistoso americano, a China pode usar a situação iraniana para pressionar os EUA, disse à Sputnik China o especialista da Universidade Sudoeste da China, Ji Kaiyun.
"O petróleo iraniano é muito importante para a china, a interação de dois países na esfera de recursos de energia é alta. Mas o Irã depende da China muito mais, porque é difícil encontrar outro mercado de venda de tal dimensão da sua produção, mas a China, entretanto, pode comprar o petróleo em outros países. Além disso, tanto a China como o Irã estão confrontando com os EUA. Por isso não faz sentido para os dois países se recusar ao apoio mútuo. Em um certo grau, o comércio de petróleo entre a China e o Irã é o boicote aos [Estados Unidos da] América, que desrespeitam as regras da Organização Mundial do Comércio. E apesar de a China procurar cooperar com os EUA e não querer confronto, seria ruim se China pressionasse os EUA para retrucar pressão americana? Este é também um elemento do jogo da política externa."