Como informamos anteriormente, as entidades russas, inclusive o Rosselkhoznadzor, por enquanto não planejam cancelar a suspensão das importações brasileiras por escassez de dados. Enquanto isso surge outra "porta" no comércio bilateral — as vendas do trigo russo no mercado brasileiro. No fim de junho, foi efetuado seu primeiro descarregamento no porto de Fortaleza.
Uma das manifestações disso é o interesse cada vez menor dos produtores russos. Declarações sobre ampliação das parcerias surgem com frequência merecida, sim, mas na prática não parece estar sendo concretizada.
Uma opinião que fala em sintonia com essas observações foi feita à Sputnik Brasil hoje (11), nas margens do Fórum Econômico Oriental de 2018 que decorre na cidade russa de Vladivostok, pelo diretor-geral do grupo de empresas agrícolas russas Rosagro, Maksim Basov.
A companhia, que obteve lucros de 79,1 bilhões de rublos (quase 5 bilhões de reais) no ano passado, é a segunda maior produtora de carne suína no mercado russo, sendo também forte fornecedora de açúcar, produtos oleaginosos e trigo.
"Nos primeiros seis meses desse ano a Rússia virou país exportador líquido de carne suína. Ou seja, a produção continua aumentando e, acredito, a partir de algum tempo o fator das importações deixará de estar em questão", disse Basov ao falar sobre possível retomada das importações brasileiras.
Ao mesmo tempo, vale ressaltar que, neste ano, os preços da carne no mercado russo sofreram um aumento drástico. No fim do verão, por exemplo, a carne suína estava aproximadamente 20% mais cara; uma das razões para isso, segundo opinam vários economistas, é a falta dos produtos brasileiros nas prateleiras, o que evidentemente reduz a concorrência.
"Este mercado [brasileiro] é bem grande, mas para a Rússia não é o mais interessante. Hoje, a Rússia exporta trigo para mais de 30 países. O mercado brasileiro, sim, embora não seja pequeno, não podemos chamar de chave para nós. Primeiro, os mercados egípcio, iraniano ou até turco são muito mais importantes. Segundo, do ponto de vista logístico, o Brasil é um mercado bem afastado e lá não somos assim tão capazes de concorrer, como nos países da África do Norte. Por isso, acredito que essa questão não está nada na pauta para o mercado", confessou.
Porém, em uma entrevista a algumas mídias chinesas e russas nas margens do evento, confessou que sua empresa espera algum dia ter como seu mercado principal a China.