Desafiando os resultados da votação contra a suposta "ameaça sistêmica" de Budapeste aos "valores fundadores" da União Europeia, o primeiro-ministro Viktor Orban acusou Bruxelas de ter "dois pesos e duas medidas" ao tentar tirar a Hungria do direito de controlar suas próprias fronteiras.
De acordo com o primeiro-ministro, a maioria requerida de dois terços dos parlamentares europeus na quarta-feira não deu conta dos 48 deputados que se abstiveram da votação, que deveriam ter sido contados como votos contra a ação disciplinar. "O Parlamento Europeu acusou Budapeste de ignorar o império da lei ao mesmo tempo em que desconsiderava suas próprias regras processuais", acusou Orban.
"No Parlamento Europeu de hoje, há uma clara maioria pró-migração", disse Orban, sugerindo que os legisladores do órgão estão tentando mudar a composição da Europa com o apoio de "organizações [George] Soros".
"Precisamos de um novo Parlamento Europeu e de outro futuro", acrescentou o primeiro-ministro, referindo-se às próximas eleições para o Parlamento Europeu na próxima primavera do hemisfério Norte.
"Eles querem estigmatizar a Hungria e enfraquecer a resistência húngara. Querem substituir guardas de fronteira húngaros e soldados que prestaram juramento e para quem a Pátria é fundamental e enviar mercenários de Bruxelas que deixarão os imigrantes entrarem", disse Orban.
O Parlamento Europeu votou a favor de ativar seu artigo 7º após a aprovação do chamado "Relatório Sargentini", que acusou a Hungria de desrespeitar as normas do bloco em matéria de democracia, direitos civis e corrupção. Orban disse que o governo "respondeu" a todas as alegações do relatório e observou que ele foi preenchido com dezenas de "erros factuais". A aprovação do relatório não significa "nenhum perigo" para a Hungria, segundo o primeiro-ministro.