O submarino soviético K-178 iniciou sua viagem há 55 anos, precisamente em 14 de setembro de 1963, tornando-se o primeiro submarino na história capaz a atravessar o Ártico transportando mísseis a bordo. Os marinheiros da Frota do Norte soviética em duas semanas percorreram 4,5 mil milhas, executando dezenas de manobras, inclusive a emersão em uma abertura no gelo.
Em 1960, na península de Kamtchatka, com base da esquadra de submarinos diesel-elétricos foi formado um grupo de submarinos nucleares com navios das frotas do Norte e do Pacífico. Em 1963, os tripulantes do submarino K-178 (projeto 658) da Frota do Norte receberam uma tarefa: partir da base naval de Zapadnaya Litsa, localizada na região de Murmansk, para o Extremo Oriente, para o novo local onde ficaria baseado.
Durante a missão, estudaram profundamente a situação do gelo e a topografia do fundo marinho, avaliando as possibilidades de contato via rádio e dos equipamentos de navegação em latitudes elevadas, cumprindo pela primeira vez dezenas de outras operações necessárias para resolver questões estratégicas.
O submarino nuclear K-178 foi um dos primeiros submarinos soviéticos capazes de transportar, além de torpedos, mísseis balísticos de lançamento de superfície R-13 com cargas nucleares. O submarino imergia até 300 metros, desenvolvendo uma velocidade debaixo d'água de 26 nós e de 7-8 nós à superfície. Além disso, tinha capacidade para 104 tripulantes e uma autonomia de até 50 dias.
O K-178 navegou 150 milhas sob os campos de gelo ao norte da Terra de Francisco José. O submarino navegou rigorosamente para norte até ao paralelo de 84 graus norte, após o cruzamento do qual o submarino se dirigiu para leste até à ilha de Wrangel e, em seguida, se dirigiu para sul. A primeira emersão ocorreu logo depois das primeiras horas de viagem.
Uma viagem sob a banquisa representa uma grande tensão psicológica para a tripulação. Já que se ocorresse qualquer situação de emergência não seria possível emergir, por cima está uma grossa camada de gelo de aproximadamente 10 metros de espessura. Por segurança, foram armados dois tubos com torpedos reais para ser possível romper o gelo de alguma forma.
A viagem durou 16 dias, o submarino atracou no cais da baía Krasheninnikova em 30 de setembro de 1963, tendo percorrido quase 4,5 mil milhas, das quais 3,5 mil foram debaixo d'água e 1,5 mil sob o gelo.
Segundo o ex-comandante de submarino nuclear e Herói da Rússia, Aleksandr Astapov, que em 1993 realizou uma missão sob o gelo, percorrendo quase o mesmo percurso que o K-178, qualquer missão em tais condições exige o mais alto nível de preparo de todos os envolvidos, sem exceção. "Sobre a cabeça você tem dezenas de metros de gelo e não pode emergir em qualquer momento, por isso a segurança vem em primeiro lugar[…]", explica Astapov.
Após imergir sob o gelo, o submarino desaparece para quaisquer meios de detecção, não sendo possível encontrá-lo. Um submarino, regra geral, navega em imersão por 25-30 dias, já sob gelo normalmente se encontra por 15-20 dias.
Hoje o oceano Ártico, assim como toda zona do Ártico, é uma região de interesse especial para a Rússia. A Marinha russa ganhou uma grande experiência em missões subaquáticas, em patrulhas militares em grande profundidade e exploração das regiões do Ártico e polares.
Vladimir Korolev, comandante da Marinha russa, afirmou que por razões de segurança a Marinha sempre esteve presente na região e mantém totalmente sua escola de navegação sob os gelos e, mais do que isso, se tem enriquecido com uma grande experiência. Os tripulantes realizam constantemente treinamentos com submarinos, os navios da Frota do Norte realizam passagens sob os gelos do Ártico.