Uma internauta lembrou o episódio envolvendo o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro e a cantora Preta Gil. À ocasião, em uma entrevista concedida ao extinto programa CQC da Band, o deputado respondeu a um questionamento sobre um possível relacionamento de um de seus filhos com uma mulher negra dizendo "meus filhos não frequentam esse ambiente de promiscuidade como infelizmente é o seu caso". Bolsonaro posteriormente se "desculpou" dizendo que entendeu que a cantora se referia a homossexuais.A hashtag foi criada pelo estudante de psicologia Ederson Kelvyn. A ideia, segundo ele, era chamar a atenção para os casos de racismo.
"Meu intuito com essa hashtag é dar voz aos negros para expor essas situações para tentar fazer uma certa conscientização", disse em entrevista à Sputnik Brasil.
O assunto chegou ao primeiro lugar nos trending topics brasileiro e no terceiro lugar nos trendic topics mundiais. Ederson Kelvyn disse que pensou previamente no horário do seu post para ter mais alcance, mas que não esperava tanta repercussão.
"Para mim até agora é uma coisa surreal, era exatamente o que eu queria. Era ter o lugar de fala. Poder expor esse caso para que isso deixe de acontecer e principalmente para que possa dar força porque espero que outras pessoas consigam expor esses casos também".
#MeuRacistaSecreto é um político que fala que educou muito bem seus filhos para não namorar uma negra e os eleitores dele falam que ele não é racista
— Goku (@fxveiro) 1 de outubro de 2018
Ederson Kelvyn estuda os efeitos psicológicos do racismo. Na sala de aula em que estuda ele é um dos apenas 7 negros da turma com 60 estudantes. Kelvyn comentou que efeitos mais fortes que ao fazer terapia conseguiu entender os efeitos que o racismo gerou em sua personalidade.
"Eu faço terapia e eu vejo como o racismo interfere na minha autoestima porque desde pequeno a gente é visto de lado. O menino do cabelo liso é o que chama mais atenção, tanto que quando eu era mais novo eu alisava meu cabelo, não gostava do meu cabelo e tentei me encaixar nisso, mas no final era só questão da cor da pele", completou.
Outro tweet a viralizar apontou correlação entre o termo "cidadãos de bem" e seu histórico racista adotado pela Ku Klux Klan, movimento extremista de motivações racistas responsável pelo assassinato de milhares de negros nos EUA.
#MeuRacistaSecreto esquece que até o cristianismo sempre dividiu o "Cidadão de bem" do "cidadão negros" pic.twitter.com/4ORp8z652g
— Ale Santos (@Savagefiction) 1 de outubro de 2018
Um terceiro tweet relembra uma entrevista concedida pelo ator americano Morgan Freeman ao programa "60 Minutes" da rede CBS. Na ocasião, o ator, que é negro, disse que o racismo deixaria de existir no momento em que as pessoas parassem de falar sobre o assunto. Na altura, a fala do ator foi severamente criticada por ativistas do movimento negro.
#MeuRacistaSecreto no mês de novembro compartilha em todos os grupos a frase do Morgan Freeman "o dia que pararmos de se preocupar com esse negócio de Consciência Negra…."
— REVOLTA PRETA (@revoltapreta) 1 de outubro de 2018
O Brasil é um dos países que mais mata negros no mundo. A taxa de assassinatos de pessoas negras cresceu 23% em 10 anos de acordo com o Atlas da Violência 2018, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Negros também representam 71% das vítimas de homicídio no país.
Ouça a entrevista com Ederson Kelvyn na íntegra: