O plano desenhado por May para conter uma possível turbulência polícia e econômica pós-Brexit envolve a criação de um mecanismo independente para supervisionar a saída da Grã-Bretanha de qualquer acordo alfandegário temporário. Ao mesmo tempo, prevê o estabelecimento de uma área de livre comércio com a UE baseada em um "conjunto comum de regras" e rejeita a criação da chamada "fronteira dura' entre a Irlanda do Norte e a Irlanda (o que poderia colocar a jogo o Acordo de Belfast, responsável por encerrar décadas de hostilidades e terrorismo na ilha).
A situação foi agravada após o vazamento de uma carta de May em que a premiê revela ser a favor da criação de uma fronteira alfandegária no Mar da Irlanda, como proposto por Bruxelas, se o acordo para o Brexit for alcançado. O compromisso contraria o Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP), opositor a qualquer acordo que separe a Irlanda do Norte do resto do Reino Unido. O DUP costumava a ser uma força minoritária no Parlamento, mas com o fraco desempenho liberal nas últimas eleições extraordinárias convocadas por May, constitui hoje peça fundamental para formar maioria à premiê. Sem ele, Theresa May pode ser obrigada a renunciar.
O Reino Unido deixará a União Europeia em março de 2019. No entanto, o prazo pode ser prorrogado se todos os 28 membros da UE aprovarem.