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Petrobras caminha para privatização: o que está em jogo com indicação de novo presidente?

© AFP 2023 / YASUYOSHI CHIBA Manifestante com bandeira do Brasil na sede da Petrobras
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O presidente eleito Jair Bolsonaro indicou nesta semana o novo presidente da Petrobras, aumentando a especulação sobre o futuro da petroleira. A Sputnik Brasil conversou com especialistas para saber o que está em jogo com a nomeação de Roberto Castello Branco, que já defendeu a privatização da empresa.

Economista com pós-doutorado na Universidade de Chicago, EUA, Roberto Castello Branco foi indicado nesta segunda-feira para a presidência da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro. Em junho, ele se manifestou a favor de uma privatização parcial da Petrobras, a maior empresa do Brasil em capitalização de mercado.

O professor do Instituto de Energia da PUC-Rio e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, em entrevista à Sputnik Brasil, ao comentar as declarações de Castello Branco, afirmou que isto é uma "questão de terminologia", pois a privatização parcial da Petrobras seria um processo que, na realidade, já vem acontecendo. 

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"Desde a gestão do Pedro Parente, a Petrobras já tinha no seu plano de recuperação […] uma previsão de, salvo engano, um acúmulo de 15 a 20 bilhões de dólares de venda de patrimônio. Então na realidade é uma continuação de um processo", afirmou Zylbersztajn. 

"O que está acontecendo agora é que esse processo já vem ocorrendo, e vai continuar na realidade. Você vai vendendo partes da empresa que não ferem o seu núcleo principal de operação, que é a questão da exploração da produção de petróleo. Ao mesmo tempo você investe em capital onde dá mais retorno e, por último, mas não menos importante, é a questão do abatimento da dívida, que em algum momento já foi a maior dívida corporativa do mundo", argumentou. 

O especialista defendeu a continuidade desse processo, que, segundo ele, é benéfico para a empresa.

"Ainda tem diversas partes da empresa que podem ser privatizadas sem comprometer estruturalmente, pelo contrário, melhoram, inclusive o desempenho da empresa", completou, defendendo o processo de privatização da Petrobras. 

Já o presidente do sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, José Maria Rangel, em entrevista à Spunitk Brasil, se posicionou de maneira crítica aos rumos da Petrobras, indicados por Castello Branco. Ele defendeu que toda empresa de petróleo integrada é muito mais rentável, pois uma empresa de petróleo integrada é "como se costuma dizer, vai do poço até o posto", participando de todas as etapas de extração, produção, refinamento e distribuição do petróleo.   

"A partir do momento que o futuro presidente da Petrobras dá uma declaração no sentido de que pode vender alguns setores da empresa, isso pra nós é preocupante, porque vai se perder a lucratividade da Petrobras, e muito provavelmente, ele vai estar vendendo setores lucrativos da empresa, que vão trazer um prejuízo não só para a própria companhia, mas também para o governo federal que ainda é o acionista majoritário, e, na conta final, para o consumidor", afirmou o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.

Ao comentar os possíveis grupos interessados na privatização da Petrobras, Rangel afirmou que, além dos grandes produtores internacionais de petróleo, chamados de as '4 irmãs' (ExxonMobil, Chevron/Texaco, Shell e British Petroleum), ele citou a empresa norueguesa Equinor e companhias chinesas. 

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"Nós temos visto a antiga estatal norueguesa Equinor, que tem vindo com bastante força na busca de novos campos de petróleo; temos visto empresas chinesas também, que têm participado com grande entusiasmo nos leilões de petróleo e, pelas notícias que a gente vê, já estão querendo fazer uma parceria com a Petrobrás", afirmou José Maria Rangel. 

De acordo com ele, é de interesse das grandes empresas de petróleo buscar reservas no Brasil, pois as grandes reservas ainda são controladas por empresas estatais. 

"Pela geopolítica do petróleo, hoje as grandes reservas de petróleo do mundo estão ainda nas mãos das empresas controladas pelos governos de Estado", disse ele, citando estatais de países como Arábia Saudita, Venezuela, Rússia, entre outros. 

"Então o que sobra para as empresas privadas é 20% então elas têm que sair mundo afora atrás de reserva para poder se manter. Então elas têm visto o Brasil como o grande oásis para que elas façam essas investidas, comprando, ou ganhando, eu diria, um petróleo de excelente produtividade e uma excelente qualidade", completou. 

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