Além disso, 64% dos entrevistados no Brasil pensam que os partidos e políticos tradicionais não se importam com a população. Os resultados dessa pesquisa, realizada em junho e julho deste ano, explicariam, pelo menos parcialmente, a eleição de Jair Bolsonaro.
Essa é a opinião do cientista político Paulo Baía, da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Os resultados da eleição de 2018 reforçam esses dados", declarou o especialista em conversa com a Sputnik Brasil.
O cientista político destacou que a vitória do político se deu em um "cenário onde se esperava uma grande abstenção" e em uma ambiente de "grande descrença com os partidos tradicionais".
Portanto, para o professor, a pesquisa reflete bem os humores políticos da população brasileira, que segue uma tendência mundial, na qual os candidatos "antissistema" têm conseguido mais votos, em função do descrédito das estruturas partidárias tradicionais.
Segundo ele, Jair Bolsonaro surpreendeu a todos, justamente por não ser visto pela população como alguém do sistema político. Ao contrário, o político sempre foi "alguém rejeitado pelo sistema", um outsider.
Para o especialista, a população desejou desmontar o sistema político vigente, e teve sucesso nisso. "O sistema político foi desmontado com o resultado das urnas", declarou o interlocutor da Sputnik Brasil.
Para Paulo Baía, a candidatura de Bolsonaro foi "considerada folclórica" pelos partidos tradicionais e pela imprensa. Assim, por desconsiderar as estruturas partidárias, Bolsonaro garantiu os seus votos.
"Foi um voto contra o sistema. Ele cresceu muito na reta final da campanha", concluiu o especialista.