Mesmo enfrentando uma forte crise econômica, a Argentina é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil – é o maior entre os latino-americanos. Recentemente, o Itamaraty e a chancelaria argentina assinaram uma declaração reafirmando a intenção de diminuir as barreiras existentes para o crescimento da relação entre os dois países.
O argentino Eduardo Crespo, professor de Economia Política Internacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), disse em entrevista à Sputnik Brasil que o encontro entre Macri e Bolsonaro foi marcado por formalidade e cordialidade, mas não vê grandes possibilidades de avanço na relação entre os dois países, embora considere que uma melhora na economia brasileira pode gerar impacto positivo para a Argentina.
Ao comentar a possibilidade de uma revitalização Mercosul a partir da visita que o presidente argentino fez ao líder brasileiro Jair Bolsonaro, o especialista se demonstrou cético, mas ressaltou que não deve haver um "abandono" do bloco.
"Duvido que exista uma revitalização. Pelo menos não era o planejado nos últimos anos ou o que dava pra prever. A reunião tem sido com certeza cordial. Eu acho que não vai ter uma ruptura. A boa notícia é essa. Não vai ter ruptura, eliminação ou abandono do Mercosul, mas não tem nenhuma medida concreta", argumentou.
"A minha perspectiva é que vai haver um relaxamento do Mercosul na ideia de abri-lo para que existam acordos bilaterais, principalmente acordos de livre e comércio e bilaterais", acrescentou.
"Aí há interesses contraditórios. Na União Europeia com certeza não há vontade de eliminar os subsídios da produção agrícola, a proteção que tem a produção agrícola. Acho que é o princípal obstáculo para um acordo de livre comércio com a União Europeia. E no caso da América Latina provavelmente a produção industrial poderia ter alguma abertura, que receberíamos aqui uma concorrrência de produtos europeus", completou.