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Deputados do PSL vão à China e irritam 'guru' de Bolsonaro, Olavo de Carvalho (VÍDEO)

© Foto / Renato Araújo/Agência BrasilO deputado Jair Bolsonaro fala à imprensa sobre o requerimento que fez ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar pedindo sua convocação para prestar esclarecimentos sobre as declarações que fez em um programa de TV
O deputado Jair Bolsonaro fala à imprensa sobre o requerimento que fez ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar pedindo sua convocação para prestar esclarecimentos sobre as declarações que fez em um programa de TV - Sputnik Brasil
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Um grupo de 20 parlamentares que assumem seus mandatos em fevereiro no Congresso Nacional causou a ira de Olavo de Carvalho, astrólogo, filósofo e guru do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Eles estão na China, atendendo a uma convite do Partido Comunista chinês, algo que Carvalho classificou como um ato de "semianalfabetos".

"Vocês estão fazendo uma loucura, estão entregando o Brasil a China!", disse em vídeo publicado em seu canal no YouTube. "E eu sou guru dessa porcaria? Eu não sou guru de merda nenhuma!", acrescentou ele, que é uma influência para várias propostas de Bolsonaro, incluindo a indicação de ministros de Estado.

Na comitiva dos parlamentares há 12 filiados ao PSL, partido de Bolsonaro. Oficialmente, a viagem integra uma iniciativa em torno de um projeto de lei que será apresentado ainda no primeiro semestre. A proposta determina a implantação de tecnologia de reconhecimento facial em locais públicos nas cidades brasileiras.

Segundo os parlamentares envolvidos na viagem, o objetivo é facilitar o trabalho dos órgãos de segurança pública no combate ao crime, inclusive na captura de suspeitos e foragidos da justiça. Além disso, o projeto-piloto seria introduzido no Rio de Janeiro, de acordo com os congressistas.

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"Pretendemos dar um choque de segurança pública nas cidades com a ajuda da tecnologia e experiência chinesa. Vamos conhecer o quartel-general de onde é operado esse sistema, assim como empresas que dominam a tecnologia", revelou ao UOL o deputado eleito Felício Laterça (PSL-RJ), um dos líderes da iniciativa.

Entretanto, Carvalho considera que os planos dos chineses são muito diferentes.

"Instalar esse sistema nos aeroportos brasileiros é entregar ao governo chinês as informações sobre todo mundo que mora no Brasil. Especialmente, alguns refugiados chineses que estejam aí. A partir da hora que esse negócio for instalado, esses refugiados chineses podem se considerar mortos", atacou o filósofo.

Participam da comitiva a senadora eleita Soraya Thronicke, os deputados eleitos Carla Zambelli, Daniel Silveira, Tio Trutis, Felício Laterça,  Bibo Nunes, Charlles Evangelista, Marcelo Freitas, Sargento Gurgel e Aline Sleutjes, a deputada estadual Delegada Sheila (PSL-MG), todos do PSL, e Luís Miranda, do DEM.

Todos foram muito questionados nas redes sociais. O humorista e apresentador Danilo Gentili, conhecida figura de direita, também criticou a ida dos parlamentares à China.

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"Aliás, eu vivo no Brasil, eu moro no Brasil. Diferente de pessoas que estão nos criticando e moram há anos e anos fora do Brasil", rebateu em um vídeo posteriormente apagado por ela. Ela ainda descartou retornar ao Brasil antes do fim da viagem, descartando o pedido do guru de Bolsonaro.

"O ministro [da Economia] Paulo Guedes estará com o embaixador da China hoje e tivemos em 2018 um superávit de U$36 bilhões. Pedir para eu ir embora é o mesmo que pedir que um problema diplomático aconteça", sentenciou.

Por outro lado, o deputado eleito Luís Miranda não foi tão dócil com as críticas de Carvalho, ironizando até mesmo um dos livros do filósofo que hoje alimenta o pensamento de direita no país.

"O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota: Brasil e China são parceiros de negócios a mais de 40 anos, e nos últimos 9 foi a nossa maior importadora", afirmou.

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O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota: Brasil e China são parceiros de negócios a mais de 40 anos, e nos últimos 9 foi a nossa maior importadora. Em 2018 ultrapassamos mais de 100 BILHÕES de dólares em negócios, e a balança comercial tem sido favorável pra nós. A China comprou dos brasileiros mais de 65 bilhões, enquanto o Brasil comprou deles apenas 35 bi. Também lançamos juntos 4 satélites, por onde trafegam os dados de todos os brasileiros. O principal parceiro econômico da China é os EUA, mas o nosso é a China. Se alguém consegue trazer hoje para o nosso país um parceiro melhor, por favor, apresente. Quem é que banca uma retirada da China do nosso mercado? Os “caipiras” aqui têm muito o que aprender com eles. Entre mitos e verdades, gurus ideológicos dizem que combatem a ideologia, mas só ficam na teoria, já nós estamos preocupados com a economia!

Uma publicação compartilhada por Luis Miranda USA (@luismirandausa) em 17 de Jan, 2019 às 2:29 PST

Outro a se defender foi Daniel Silveira. Conhecido por ter quebrado a placa da vereadora assassinada Marielle Franco, ele declarou no Facebook que a viagem bancada por Pequim acontece "sem nenhuma contrapartida ideológica. O intercâmbio é técnico".

Já Charlles Evangelista comentou que a questão do turismo também está na pauta da comitiva.

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NOTA DE ESCLARECIMENTO.

Uma publicação compartilhada por Charlles Evangelista (@charlles.evangelista) em 16 de Jan, 2019 às 6:23 PST

Ao G1, o presidente do PSL, Luciano Bivar, declarou que Bolsonaro teria ficado "surpreso" com a viagem da comitiva à China. O próprio Bivar mencionou que recusou o convite dos chineses, e mencionou que o presidente brasileiro gostaria de visitar Pequim, em uma data ainda a ser marcada pelos dois países.

"Falei por telefone com o presidente Bolsonaro e ele me disse: 'Poxa, Bivar, o pessoal precisa saber que existe uma responsabilidade em ser do PSL, que somos vidraças, que tudo reverbera em cima de nós'", comentou Bivar.

Sistema polêmico

A China é considerado o país mais avançado do mundo na utilização de sistemas de monitoramento por câmeras. São 170 milhões de câmeras espalhadas pela nação para vigilância e reconhecimento facial. Pelo sistema, é possível fazer associação entre os rostos de pessoas com qualquer informação registrada, como documentos, parentes, rotas frequentes, dados profissionais, entre outros.

Contudo, os críticos do sistema afirmam que o Partido Comunista chinês utilizaria o sistema moderno para conseguir manter um amplo controle social sobre os seus cidadãos, vigiando-os sem que percebam ou tenham cometido qualquer ilícito. O governo nega tais alegações.

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