Em entrevista à Sputnik, Oleg Matveychev, especialista político e professor da Universidade de Economia, acredita que a China é o objetivo da pressão norte-americana no Irã, assim como na Venezuela, observando que Donald Trump considera a China como seu principal rival desde antes mesmo de se tornar presidente.
A guerra comercial entre os EUA e a China é um dos elementos do confronto geopolítico. Outro elemento são as tentativas de causar sérios danos aos interesses da China no mercado energético global, lembrando que tanto o Irã quanto a Venezuela colaboram estreitamente com os chineses no setor petrolífero, ressaltou o especialista.
A estabilidade energética da China depende de ambos os países. A China é o principal investidor na produção de petróleo, além de ser o principal importador dessa matéria-prima desses países.
Vale ressaltar que, recentemente, Maduro comunicou que a Venezuela planeja elevar o fornecimento de petróleo à China para 1 milhão de barris por dia, obtendo uma exportação três vezes maior para esse país.
Além disso, foi decidido dobrar a produção de petróleo no país em um prazo de um ano. Isso graças aos 28 acordos de cooperação assinados em Pequim entre a China e Venezuela, sendo que a maior parte dos acordos envolve a produção de petróleo, energia e mineração.
Na ocasião, também foi anunciado, em particular, que a Venezuela vendeu à empresa estatal chinesa China National Petroleum cerca de 9,9% das ações da Sinovensa, uma empresa conjunta entre os dois países. Após a conclusão do acordo, a China passará a controlar 49% das ações da empresa conjunta.
"Claro que haverá verdadeiras jogadas astuciosas contra a China. Principalmente no mercado mundial de petróleo. Os americanos sabem como manipular o petróleo para beneficiar seus próprios interesses políticos. Para eles, Hugo Chaves era um grande problema no seu tempo, e agora surgiu um pretexto para se vingarem. Hugo Chaves nacionalizou a indústria petrolífera, atingindo os interesses dos EUA. O controle dos EUA sobre o petróleo venezuelano resultará em determinadas perdas para a Venezuela, visto que foi assinada uma série de acordos com a China. Eles terão de indenizar as partes com quem se quebram as relações [contratuais]", concluiu Oleg Matveychev.
Nesta sexta-feira (25), a China reagiu, pela segunda vez em dois dias, aos acontecimentos na Venezuela, o que pode confirmar indiretamente sua séria preocupação com os crescentes riscos relacionados aos seus interesses em um país com uma das maiores reservas de petróleo.