O analista lembrou que o presidente venezuelano Nicolás Maduro denunciou essas ações e até declarou a expulsão do pessoal diplomático dos EUA do país.
"Esta decisão é obviamente muito difícil e, nem nos momentos mais difíceis de Chávez [o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez], as relações diplomáticas foram rompidas completamente", explicou ele à Sputnik Mundo.
Até agora, a Presidência venezuelana não tomou medidas, mas é evidente que haverá uma resposta nas próximas horas.
Legañoa lembrou como, em abril, durante a VIII Cúpula das Américas, em Lima, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ofereceu financiamento aos países latino-americanos que acolheram os exilados venezuelanos.
"Os EUA usaram os exilados para declarar uma crise política e isso teve uma resposta do governo venezuelano. Vimos como nas últimas semanas e meses os venezuelanos retornaram ao seu país", disse o especialista.
Mas a administração Trump continuou a colocar mais lenha na fogueira e, em 23 de janeiro, além de incitar a marcha contra Maduro, reconheceu Guaidó como presidente da Venezuela.
"Além do simbolismo, a autoproclamação de Guaidó foi um ato inconstitucional", afirmou Legañoa. "A Constituição da Venezuela deixa muito claro que, em qualquer circunstância, você só é empossado como presidente na Assembleia Nacional do país ou frente ao Tribunal Supremo do país", explicou ele.
Para o especialista, este "é o mesmo guião" usado na controversa intervenção militar na Líbia em 2011, na qual participaram as tropas dos EUA. Essa invasão derrubou o líder líbio Muammar Kadhafi, que foi assassinado por um grupo de rebeldes, e mergulhou o país na crise.
"Houve uma marcha chavista tanto ou maior do que a da oposição, mas isso não é relatado, assim como o esgotamento das reservas e a situação econômica, não é relatado que, por outro lado, há um povo trabalhando e tentando construir um país diferente, inclusive nas bases do capitalismo que ainda estão entronizadas nessa sociedade", revelou o analista.
Entretanto, Legañoa se pergunta por quanto tempo vão manter Maduro no dilema de continuar apostando na paz ou radicalizar a revolução. "Até agora, parece que ele continuará a apostar na paz, tranquilidade e decência, como reiterou em seu discurso no Palácio de Miraflores", concluiu o analista.