A estação automática Hayabusa-2 foi lançada ao espaço em dezembro de 2014 para analisar e coletar amostras do asteroide Ryugu. Os cientistas esperam que a sonda traga à Terra as primeiras amostras absolutamente puras da matéria primária do Sistema Solar.
"Como bem sabemos, o Ryugu não está coberto com uma espessa camada de pó fino, mas com grandes seixos e cascalho com tamanho de um centímetro. Portanto, tivemos que realizar verificações adicionais de todos os nossos sistemas em termos de segurança da própria sonda e avaliar se poderíamos capturar pelo menos algumas porções do solo", informaram os participantes do projeto.
Os primeiros passos para cumprir a tarefa principal da missão, incluindo o ensaio para pouso da Hayabusy-2 na superfície de Ryugu, deviam ter sido iniciados no início de outubro do ano passado, mas tiveram que ser atrasados pelo menos até o primeiro semestre de 2019 devido à descoberta inesperada da sonda.
Esse atraso se deve ao fato de que os cientistas não esperavam que o asteroide estivesse coberto de pedras grandes, potencialmente capazes de danificar ou destruir a Hayabusa-2 quando ela se aproximar da superfície para coletar amostras. Além disso, a sonda não encontrou nenhuma área na superfície do Ryugu com reservas significativas de regolito, solo solto e poeira que cobrem os asteroides.
Por que precisa a sonda de uma superfície plana? Isso se deve ao processo relativamente incomum de amostragem do solo exclusivo da Hayabusa-2. A sonda não tem nenhum braço com "concha" para levantar pedaços de cascalho espacial ou de solo da superfície do asteroide.
Depois disso, a sonda deverá dar outra volta em torno de Ryugu e coletar a poeira e pedras, jogadas no espaço sobre a superfície do asteroide, usando uma armadilha especial. Inicialmente, os cientistas esperavam obter várias dezenas de gramas de regolito desta maneira, mas agora a situação não parece ser tão positiva devido à ausência de regolito.
Os participantes da missão indicam que isso os forçou a realizar uma série de experimentos com protótipos do "canhão" e balas de tântalo da Hayabusa-2 em um laboratório que simula a superfície de Ryugu.
A conclusão desses experimentos abriu caminho para o primeiro disparo de teste, que Hayabusa-2 realizará nesta sexta-feira. Se o "bombardeio" for bem-sucedido, os cientistas japoneses começarão a planejar a realização de sua segunda fase, o lançamento de um dispositivo explosivo mais potente contra a superfície de Ryugu.