Vale ressaltar que aumento planejado para os gastos militares é menor do que do ano passado, quando eles cresceram 8,1 por cento, e muito que menor que a taxa de crescimento média entre a década de 1990 e o início da década de 2010, quando o orçamento militar cresceu mais de 10% por ano (por exemplo, em 2007 os gastos com defesa aumentaram 17% em comparação com o ano anterior).
Segundo o analista militar Vasily Kashin, Pequim tem uma estratégia coerente no que se refere a seu orçamento militar: o poderio militar do país deve aumentar proporcionalmente ao seu poder econômico, não atrasando o setor da defesa e ao mesmo tempo não sobrecarregando a economia.
Kashin sublinha que os gastos militares da China representam cerca de 1,3% do PIB (em comparação com 4% do PIB nos EUA e cerca de 2,8% na Rússia) desde o início do século XXI, enquanto a taxa de seu crescimento tem correlação com o crescimento econômico do país e com o índice de preços do produtor. Por isso, as altas taxas de crescimento econômico em meio ao aumento dos preços dos produtos industriais e do combustível levam ao crescimento de dois dígitos do orçamento militar. Ao mesmo tempo, a desaceleração do crescimento econômico acompanhada pelo baixo nível de inflação leva a uma menor taxa de crescimento dos gastos com a defesa.
Entretanto, há uma tendência de aumento gradual da cota-parte das despesas militares nas despesas totais do Estado: o orçamento militar aumentou 7,5%, enquanto as despesas totais aumentaram apenas 6,5%.
O analista sublinhou que no orçamento militar não seriam incluídos os gastos com pesquisa e desenvolvimento, benefícios sociais para os militares aposentados e a maior parte das despesas para preparação e manutenção dos componentes da reserva das Forças Armadas.
"Mesmo com todos esses elementos, o orçamento militar da China provavelmente não atingirá dois por cento do PIB – o nível mínimo das despesas militares recomendado para os países membros da OTAN", explicou Kashin.
O aumento gradual da cota-parte dos gastos militares no orçamento chinês não tem nada a ver com uma escalada. Pequim ainda não vê necessidade de rever radicalmente sua estratégia militar, concluiu o analista.